domingo, 27 de julho de 2008

RECRIAR A LENDA

A teatralização da lenda de Deuladeu Martins, ontem à noite, no centro de Monção, constituiu algo merecedor de registo especial. Nota bem positiva para algo que se espera venha a repetir, com aspectos que podem, todavia, ainda ser melhorados.
O texto foi de Carlos Tê, o letrista de Rui Veloso, e Jaime Soares encenou uma recriação que terá envolvido perto de três centenas de pessoas. Nestas se incluíam os componentes de quatro grupos de bombos e zabumbas, agrupamento de escuteiros, grupos corais, escola de equitação e a Filarmónica Milagrense (grupo de teatro amador).
A recriação foi isso mesmo... não a clássica reconstituição histórica, mas uma abordagem mais “livre”. O desiderato de transportar o espectador para o interior da lenda foi conseguido. Um narrador (que usava um “cavalete” e roupas coloridas para facilmente ser visto pela multidão) ia contando a história, ao mesmo tempo que se movia no Largo do Loreto, onde se situa a estátua que dizem ser de Deuladeu. Do lado da ex-Pensão Central era “Espanha” e, no extremo oposto (prédio da farmácia), a “Monção” amuralhada.
Actores e figurantes movimentavam-se no largo, misturando-se com os espectadores, transportando-os para o interior da lenda. A terminar, a surpresa: aparecerem oito “Deuladeus” (uma em cada varanda do “prédio/muralha” da farmácia) a atirar os pães ao inimigo e, depois, a serem recolhidas pelos maridos/cavaleiros de “moto 4”.
Uma nota final para a “homenagem” com um coro (as “vozes do passado”) a actuar num palco montado já na Praça Deuladeu (e o texto, lido pelo narrador, a fazer o contraponto com a boa vizinhança actualmente existente), a farinha dos saquinhos, previamente distribuída, a ser atirada ao ar e o “maior papudo do mundo” (uma boa manobra de marketing... e nada mais), colocado à volta da estátua, a “desaparecer” em meio minuto! Sinal este de que há muita gente que parece andar a passar fome...

3 comentários:

Anónimo disse...

Deuladeu Martins e Condessa de Castelo Melhor mostram de facto que em Monção é o sexo fraco que é verdadeiramente o mais forte.
Como seria Maria Angélica de Mazedo, em 1754?
Será uma inevitabilidade?
Bellis

Anónimo disse...

Bom dia
Interessante esta lenda, que eu aprendi nos bancos da Escola Primária em Faro, na década de 1950,mas que já tinha esquecido que era de Monção.
Agora que descobri que a família do avô do meu pai era de Monção,mais exactamente de Mazedo,o interesse torna-se maior.
A descrição que faz é brilhante e dou-lhe os parabéns por esta maneira de divulgar as coisas que a intensidade com ques e vive hoje em dia, se encarrega de destruir aos poucos.

Bellis

Joachim BORGES disse...

Gostei muito de ler o comentario e saber que houve na vila uma animaçao teatrale sobre essa famosa lenda. pena que nao ha fotos para animar o comentario o um link que permite encontrar um site local valorisando esse espectaclo teatral