O INOCENTE MGUEL SIMÃO

O caso do bebé monçanense que, com apenas 29 dias, morreu no colo do pai, na fila de espera da Urgência do hospital distrital de Viana do Castelo, agora denominado Unidade Local de Saúde do Alto Minho, continua a dominar as conversas, enquanto a componente emotiva, mais que a solidária, não se esfuma pelo passar dos dias.
Toda a gente acha estranho, a começar pelo autarca-mor, que o bebé tenha sido enviado, do Centro de Saúde de Monção para Viana do Castelo, no carro dos pais e não, como seria lógico, numa ambulância e com o devido acompanhamento médico. Também se comenta que, não obstante o choro compulsivo do inocente Miguel Simão, um médico tenha dito que eram simples cólicas e outro uma infecção urinária que não implicaria, pelos vistos, grande gravidade
Porém, o que tudo isto traz à baila é a qualidade do atendimento médico em Monção. Sendo um dos três concelho do distrito com serviço de Urgência e um dos cinco com ambulância de emergência médica, é o que se vê! É um facto que a onda emotiva contagiante, subsequente a este caso trágico, não deixa muito espaço às pessoas para racionalizarem as situações… mas é algo a ser devidamente equacionado, de uma forma séria e sem espírito corporativo!
Que o fabuloso néctar que empresta o nome ao certame que hoje se inicia (com a presença do ministro da Agricultura, pelos vistos) e se prolonga até domingo (tendo amanhã o seu auge, com o tradicional combate entre S. Jorge e a Coca, e a entronização, no sábado, dos ministros da Saúde do Brasil e de Portugal na Confraria do Alvarinho), não desvie ou apague da memória das pessoas este caso. Além disso, queremos acreditar que nada ofuscará o raciocínio de quem é pago (e bem pago!) para zelar no sentido destas situações não se verificarem e que eventuais inquéritos serão conduzidos de forma afincada e totalmente isenta.