segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

EUROCIDADE DE MONSAL OU SALMON?


Acordo de princípios assinado sábado no âmbito do V Seminário Luso-Galaico de Direito Local. Para Augusto Domingues e Arturo Grandal, este compromisso, ansiado há anos pelas populações de ambas as localidades, assegura a criação de condições concretas para uma cooperação mais acentuada na vertente cultural, desportiva e empresarial. 

Os municípios de Monção e Salvaterra do Miño assinaram, no último sábado, no Cine Teatro João Verde, um acordo de princípios, contendo as principais áreas de interesse comum e as linhas estratégicas para a concretização de um futuro partilhado entre as duas localidades transfronteiriças.

A oficialização deste compromisso, que contou com o apoio da Agrupacion Europea de Cooperacion Territorial Galicia – Norte de Portugal, realizou-se no âmbito do V Seminário Luso-Galaico de Direito local, encontro organizado pelo Núcleo de Estudos de Direito das Autarquias Locais (NEDAL) com o apoio da autarquia local e Casa Museu de Monção/UM.

O autarca monçanense, Augusto Domingues, assinalou que este “acordo de colaboração ansiado há muitos anos por ambas as populações” constitui “o ponto de partida para a afirmação de ideias comuns e a efetivação de projetos conjuntos”.
  
Salientou que serão criadas condições concretas para uma cooperação mais acentuada na vertente cultural, desportiva e empresarial, realçando que, a partir de agora, o rio Minho e a ponte internacional vão finalmente unir as duas localidades vizinhas. 

“Ainda não existe uma verdadeira união. Não falo da afetividade e do contato diário entre as pessoas das duas margens. Nesse campo, não tenho dúvidas. Falo de setores centralizados como a saúde ou a protecção civil. É necessário dar passos concretos de aproximação nestas áreas. A partir de hoje, com vontade e empenho, vamos fazê-lo”,  adiantou.

Numa intervenção pontuada por episódios ligados ao rio e ao contrabando, a maior empresa da região há algumas décadas atrás, Augusto Domingues terminou com um poema de Gentil de Valadares sobre a inauguração da ponte internacional em 29 de março de 1995, desejando que, este acordo entre amigos, permita o lançamento de outras pontes.   

O alcalde de Salvaterra do Miño, Arturo Grandal, manifestou-se satisfeito pela confirmação oficial de um relacionamento com décadas de existência e classifico o dia como histórico para duas comunidades que, desde sempre, estiveram disponíveis para o diálogo e cooperação.

Abordou a importância desta parceria como fator de aproximação entre os dois povos, reforçando a atividade conjunta em diferentes áreas e a rentabilização económica subtraída da utilização partilhada de equipamentos coletivos. Focou ainda o recurso conjunto a programas comunitários transfronteiriços potenciadores do crescimento económico e qualidade de vida das populações.

Para Arturo Grandal a ponte é uma rua ou o coração que faz funcionar um corpo. Esse corpo é Monção e Salvaterra do Miño. Por isso, deixou uma pista para as próximas gerações. Porque não apenas um município? Até adiantou dois nomes: Monsal ou Salmon. Uma realidade difícil de prever. Afinal de contas, são dois países. Pela primeira vez, o tema foi abordado publicamente. Será um começo?

Entrados no seminário, foram abordados dois painéis com conferencistas portugueses e galegos. No primeiro debateu-se a “Eurocidade Monção-Salvaterra do Miño: um projeto em marcha”. No segundo, o trajeto de “40 anos de urbanismo de Salvaterra do Miño e de Monção”.

No debate posterior, o público deixou muitas indicações sobre a melhor forma de colocar o projecto da Eurocidade em andamento. Ficou a certeza do envolvimento dos participantes e da vontade expressa em ideias comuns. No fecho, António Cândido de Oliveira, professor da Universidade do Minho e diretor do NEDAL, congratulou-se com o resultado do encontro e desejou a continuidade desta dinâmica através da realização de novas iniciativas e contributos.

FS/CM

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