sexta-feira, 27 de maio de 2016

CAVALEIRO DO REINO MAIS FORTE QUE O DRAGÃO VERDE




Custou mas foi. A Coca deu luta mas S. Jorge desferiu golpes fatais e ganhou o combate. Milhares de pessoas aplaudiram o desfecho final. Afinal de contas, vai haver muito e bom Alvarinho para todos. Antes teve lugar a Eucarístia e a Procissão Solene do Corpo de Deus com a presença de todas as cruzes e pendões das paróquias que formam o Arciprestado de Monção. Um momento revelador de recolhimento e devoção da população local. Quem acompanhou o percurso e quem presenciou nos passeios e varandas do centro histórico.   

Meter a lança nas goelas do dragão foi fácil. Cortar a orelha com a espada nem por isso. S. Jorge, montado num cavalo de raça lusitana chamado Oeste, precisou de 13 minutos para derrotar a Coca. Sem dúvida, um dos combates mais disputados dos últimos anos com grande moldura humana a encher o anfiteatro do Souto.
Como diz a tradição, vamos ter um ano com muito e bom vinho Alvarinho nas adegas e mesas. Com a ajuda do cavaleiro, aproximam-se colheitas favoráveis. Agora basta tratar do vinhedo convenientemente com o sulfato em dose equilibrada e a vindima no tempo certo. Caso para dizer, toca a trabalhar porque vamos ter um vinho de estalo.
Os monçanenses saíram do combate bastante satisfeitos. Via-se no olhar, no sorriso, no caminhar despreocupado, no contacto com vencedor e vencida e nos comportamentos de contida alegria. Até o governador da praça, Augusto de Oliveira Domingues, muito felicitado pelos colegas e público, deixava escapar sorrisinhos de satisfação.
Aos escribas, realçou a importância do combate regressar ao feriado de Corpo de Deus e lembrou a revitalização económica do burgo associada às festividades: “Monção encheu-se de gente e a tradição foi mantida num combate difícil para S. Jorge porque a Coca deu bastante luta. Ganhou o bem. Estamos contentes. Foi um bom torneio com um resultado justo”.
Também Paulo Barros, S. Jorge pela segunda vez, denotava alegria com a segunda vitória consecutiva sobre o dragão. Disse: “estava receoso e até passei duas noites em que praticamente não dormi mas acabei por fazer um bom combate e vencer a Coca. Custou mais que o ano passado, contudo, penso que controlei bem o Oeste, algo nervoso, e estivemos ambos bem”.
Antes de medirem forças no anfiteatro do Souto, tanto o cavaleiro do reino como o dragão verde, empurrado por quatro valentes e mais um nas entranhas para lhe movimentar a cabeça, tiveram a oportunidade de assistir a um espetáculo teatralizado em plena arena do combate. Por esta altura, já o anfiteatro fervilhava de gente.
Bem conseguido e muito aplaudido, o espetáculo “São Jorge e o Dragão” contou com a participação de diversas associações do concelho e alguns adultos e crianças que se quiseram associar à iniciativa. Com encenação de José Ramalho, do Teatro Figura, marcaram presença o Grupo de Bombos de Pias, bandas musicais de Monção e Tangil, Grupo de Dança “All Styles”, Associação de Jovens de Trute e Filarmónica Milagrense.   
Uma novidade com nota positiva a merecer repetição, com estes ou outros protagonistas, em próximas edições. Além do aspeto teatral, que implicou diversos ensaios, houve a necessidade de construção de múltiplos adereços, o que releva o trabalho efetuado pelas pessoas envolvidas no projeto.
Como é habitual, antes do combate entre as forças do bem e do mal teve lugar a Eucarístia e a Procissão Solene do Corpo de Deus com a presença de todas as cruzes e pendões das paróquias que formam o Arciprestado de Monção. Um momento revelador de recolhimento e devoção da população local.
Quem acompanhou o percurso e quem presenciou nos passeios e varandas do centro histórico. A chegada da procissão com as bandas e o sino da Matriz em uníssono e a presença de todas as cruzes no altar voltaram a ser momentos marcantes desta festividade que começou na quarta-feira à noite e termina no domingo com o Cortejo Etnográfico das Freguesias.

C. M.




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