sexta-feira, 5 de março de 2021

MINISTRA REÚNE COM EDIS DE MONÇÃO E MELGAÇO: FECHO DE FRONTEIRAS “NÃO PODE SER CEGO”

 A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, reuniu-se hoje com os presidentes das Câmaras de Melgaço (PS), Manoel Batista e de Monção (PSD), António Barbosa, e a  Conselheira de Infraestruturas e Mobilidade da Junta da Galiza, Ethel Vazquez.

Na reunião, que decorreu na Câmara de Melgaço, participaram também o secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, e a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira. A ministra da Coesão Territorial disse que a “dinâmica” entre o Alto Minho e a Galiza deu uma “lição para o futuro” de que o encerramento de fronteiras entre Portugal e Espanha não pode ser feito “cegamente”.

“Isto também é uma lição para o futuro. Não podemos fazer cegamente o encerramento da fronteira, sobretudo naqueles territórios onde ela já desapareceu há décadas, porque no dia a dia as pessoas não a vêm, não a sentem e não a querem”, afirmou Ana Abrunhosa em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo.

A governante, que falava aos jornalistas no final da reunião, disse tratar-se de um “território onde dificilmente se entende que se fechem fronteiras, porque, de ambos os lados, elas não existem”.

“Quando nós, burocraticamente, tomamos estas decisões, as pessoas, no terreno não entendem porque a fronteira não existe no dia a dia”, reforçou.

Atualmente, das oito passagens que ligam o distrito de Viana do Castelo às Galiza, o atravessamento da fronteira durante 24 horas apenas está autorizado na ponte nova de Valença. Há ainda em Monção e Melgaço pontos de passagem que estão disponíveis nos dias úteis, das 07:00 às 09:00 e das 18:00 às 20:00.

Ana Abrunhosa acrescentou tratar-se de um território transfronteiriço “onde não é possível o teletrabalho”. “Penso que essas são as lições para o futuro porque, em muitos territórios, se as pessoas podem trabalhar a partir de casa, aqui não. As pessoas trabalham na indústria. Têm de sair de casa para trabalhar e sustentar as suas famílias”, reforçou.

A governante reconheceu que a abertura de todos os pontos de passagem entre os dois países “torna mais difícil a gestão e controlo”, mas admitiu que é preciso “olhar os territórios de forma diferente”.

“E se há um território onde, de facto, há vários pontos de passagem utilizados por centenas, milhares de pessoas, não podem ter o mesmo tratamento de outros territórios onde as passagens não são tão numerosas e não têm tamanha intensidade”, referiu, destacando a “sensibilidade” do Governo português que ainda esta semana reabriu mais um ponto de atravessamento.

Na terça-feira reabriu parcialmente a fronteira da Madalena, no Lindoso, no concelho de Ponte da Barca, considerada a “única porta de entrada” do Alto Minho à província de Ourense, na Galiza, em Espanha.

“Isto coloca-nos aqui uma grande urgência no Estatuto do Trabalhador Transfronteiriço, que está a ser trabalhado entre os dois países. De facto, a pandemia ensina-nos isto. Temos de trabalhar para que a fronteira desapareça e lamentamos muito todos os transtornos que as pessoas deste território sentiram e sentem, lamentamos profundamente”.

 Questionada sobre a exigência que o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho anunciou que irá fazer junto dos Governos de Portugal e Espanha para atribuição de compensações financeiras a trabalhadores transfronteiriços e empresas afetados pelo encerramento de fronteiras, a ministra da Coesão      Territorial disse desconhecer o assunto.

“Essa é uma pretensão dos autarcas. Se é possível fazer um cálculo, é uma questão que terá de ser estudada. Estou a ouvi-la pela primeira vez. Mais uma vez, a posição é de grande lamento. Não foi só uma vontade de Portugal. Foi também uma vontade de Espanha fechar as fronteiras e estes são de facto os custos desta guerra contra a pandemia”, referiu.

Ana Abrunhosa sublinhou que “as fronteiras que ficaram abertas foi de comum acordo entre os dois países”.

“Quanto maior for o número de pontos de passagem abertos, mais difícil é a coordenação e o controlo. Tem a ver com isso. Minimizar a possibilidade de passagens porque, de facto, a pandemia obrigou-nos a ficar em casa”, adiantou.

INVESTIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS

“Estivemos a ver investimentos transfronteiriços, nomeadamente, algumas pontes que os autarcas desejam que sejam feitas ou melhoradas. Além das ligações transfronteiriças, foi muito importante a presença da Conselheira de Infraestruturas da Junta da Galiza, estivemos a ver investimentos rodoviários que o território necessita para se tornar mais competitivo”, referiu Ana Abrunhosa.

A governante disse que “alguns” dos investimentos hoje analisados “já têm alguma maturidade, outros foram novidade, mas refletem a dinâmica do território”.

Segundo Ana Abrunhosa, “os projetos que estão amadurecidos” referem-se “à requalificação da algumas vias rodoviárias e de uma ponte”, adiantando ser “uma questão de tempo até se fazerem essas obras  que são da responsabilidade do Ministério da Infraestruturas e Habitação”.

“Há outras ambições como a variante a Valença, a Monção, a estrada nacional 101, a 201 , a 203. São projetos muito importantes. Também no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG). Têm de existir preocupações ambientais por ser um território riquíssimo, que é uma pérola, que tem de ter uma estratégia integrada de desenvolvimento onde as vias de comunicação são também importantes”, destacou.

Questionada sobre prazos e montantes a investir nesses projetos, escusou-se a adiantar pormenores.

A.L.

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