sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

MONÇÃO, UM ROTEIRO

 

 TERRA DE FRONTEIRA NO NOROESTE PENINSULAR

O concelho de Monção situa-se no noroeste de Portugal, pertencendo ao distrito de Viana do Castelo (Alto Minho).

Com uma superfície de 203, 28 quilómetros quadrados, é definida a Norte por Espanha (concelhos de Salvaterra, a cuja sede está ligada por uma ponte sobre o rio Minho, e As Neves, a que deverá ficar ligada por uma ponte pedonal e ciclável), a Sul por Arcos de Valdevez, a Este por Melgaço e a Oeste por Valença, distando, aproximadamente, 40 km de Vigo (Galiza/Espanha) e 70 km de Braga e Viana do Castelo.

Tem uma população à volta dos 18 mil habitantes, segundo a última estimativa do Instituto Nacional de Estatística, distribuída por 24 freguesias, definidas após recente reorganização administrativa.

A sua principal riqueza agrícola são os vinhos verdes, branco e tinto, entre os quais o famoso Alvarinho. Mas também produz milho, batata, centeio, feijão, azeite e frutas. As suas florestas são ricas em pinheiros, carvalhos e eucaliptos.

O dia de mercado é, na vila-sede de concelho, a quinta-feira, muito frequentada por forasteiros de ambos os lados da fronteira.

Como principais romarias, Monção tem a festa da Virgem das Dores, no último fim-de-semana de agosto (a maior do concelho); a de S. João Baptista, a 24 de junho, em Longos Vales; a da Senhora do Rio, em Segude, a 3 de Maio; a de Senhora da Vista, em Tangil, no primeiro domingo de agosto; a do Senhor do Bonfim (Anhões), no segundo domingo de julho; e a da Senhora da Cabeça, em Cortes, na terças-feira a seguir á Páscoa.

A nível de grandes eventos, referência, ainda, para a Feira do Alvarinho que, habitualmente, decorre no primeiro fim de semana de julho, um certame dedicados à promoção e comercialização do famoso vinho que se realiza desde 1995. É já uma das mais importantes do país no setor vinícola. Após, durante muitos anos, ter decorrido no Campo da Feira, desde 2018 que passou a realizar-se no Parque das Caldas.

Por altura do Corpo de Deus (60 dias após a Páscoa) decorrem as festas do Corpus Christi e da Côca. Esta está na origem de uma recriação medieval do combate entre S. Jorge e o Dragão, isto é o Bem e o Mal, realizado no anfiteatro do revelim do Souto e que atrai uma grande multidão de pessoas.

Também no último fim de semana de março, decorre, desde há três anos, a Feira da Foda, ma freguesia de Pias, a que nos referiremos, com detalhe, mais adiante.

O feriado municipal de Monção é, agora, a 12 de março, data da atribuição do primeiro foral ao concelho (1261).

EUROCIDADE MONÇÃO/SALVATERRA

Foi a 13 de dezembro de 2014 que, no Cine-Teatro João Verde, em Monção, foi assinado o acordo de princípios relativo à Eurocidade  Monção – Salvaterra de Miño, entre estes dois municípios e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galicia – Norte de Portugal (AECT-GNP).

 Neste foram contempladas as principais áreas de interesse comum, destacando-se a dinamização do rio Minho, a potenciação conjunta da enologia e gastronomia local, a promoção e desenvolvimento do turismo através da divulgação do património natural e construído, e a valorização/criação de rotas turísticas e percursos pedestres.

O documento privilegia também o empreendedorismo transfronteiriço, o intercâmbio desportivo, cultural e educativo, bem como a partilha de equipamentos coletivos, como piscina, biblioteca e museus, de forma a garantir escala e rentabilização económica. Outra das vertentes deste “casamento” será o recurso a programas comunitários transfronteiriços.

Já a 29 março de 2015, por ocasião do 20º aniversário da ponte internacional, sucede a etapa que determina o processo, com a assinatura de um protocolo de geminação e procederam ao descerramento de uma placa com denominação da ponte “João Verde/Amador Saavedra”.

A sede da Eurocidade Monção – Salvaterra de Miño foi inaugurada a 1 de maio de 2017, com a presença do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luis Carneiro, e o vice-presidente da Xunta da Galicia, Alfonso Rueda Valenzuela.

A nova estrutura fica instalada no antigo edifício da PIDE após obras de requalificação/adaptação daquele espaço. Símbolo de opressão e repressão durante o Estado Novo, imóvel assume-se, agora, como ponto de partida para o reforço de atividades conjuntas entre as duas localidades raianas.

GEMINAÇÕES

Monção está geminado com quatro outros municípios. Um processo que começou na década de 90 do século passado, visando o desenvolvimento de ações de intercâmbio, nomeadamente, a nível cultural.

Assim, em 1992, aconteceu a geminação com Tarascon-sur-Ariège, município francês situado nos contrafortes dos Pirenéus e onde vive uma comunidade de emigrantes onde se incluem muitos monçanenses.

Mais tarde, em 1997, acontece com o município galego de Redondela, onde também se celebra o Corpo de Deus de uma forma semelhante, com um combate entre um dragão (símbolo do mal) e um cavaleiro (símbolo do bem).

Já em 2007 sucede com uma cidade francesa próxima de Paris, Vigneux-sur-Seine, onde vivem muitos monçanenses emigrados.

Nas comemorações do 20º aniversário da ponte internacional (2015), aconteceu a geminação com a vizinha galega de Salvaterra de Miño, como atrás referimos.

HISTÓRIA

AS ORIGENS DE MONÇÃO

Monção era já terra habitada por populações pré-históricas, como dão conta vestígios patentes de civilizações do paleolítico, do megalítico, do neolitico e da idade dos metais. Provas evidentes disto são achados de instrumentos líticos e metálicos (percutores, machados de pedra polida e de bronze) e de inscrições rupestres (gravura serpentiforme de grandes dimensões e covinhas, no Petróglifo de Cambeses, e gravuras rupestres no Monte da Assunção, em Barbeita).

Tem, na área do seu concelho, estações pré-históricas, como os Castros de S. Caetano, em Longos Vales, da Assunção, em Barbeita, da Senhora da Graça, em Badim, e, em Cristêlo-Troviscoso, um povoado fortificado, visível por uma linha de muralhas apresentando alguns afloramentos de permeio, também da cultura castreja.

Exemplos da dominação romana são, para lá dos vestígios encontrados nos Castros, a área granítica de Reiriz-Troviscoso, a ponte romana de Troporiz e a necrópole (cemitério) de Cortes.

Sabe-se da existência de uma via secundária que, saindo daquela que ligava Bracara a Asturica, atravessava o rio Gadanha na ponte de Troporiz e dirigia-se ao rio Minho, provavelmente nas proximidades de Cortes que, nesses tempos, tinha vau e os actuais países ibéricos não estavam politicamente divididos; e há, do lado espanhol, outra ponte romana sobre o rio Tea.

Há quem defenda que foi em Cortes que, inicialmente, se terá estabelecido o burgo de Monção, quando os Romanos ali edificaram um acampamento fortificado, para quartel-general das suas "coortes".A acrescentar a isto, existem escritos de alguns investigadores que afirmam por aqui terem passado Iberos, Assírios, Gregos, Celtas, Romanos, Suevos, Visigodos, Árabes e Cristãos da reconquista, provando à saciedade a importância da localização geográfica de Monção já nesses tempos longínqua.

Outros autores afirmam que Monção vem de Mons Sanctus, do grego Orozion, e também se teria chamado Obobriga, no tempo dos Celtas, e Mamia ou Mamea, aquando da estadia dos Romanos, sendo os seus primeiros habitantes, há cerca de 4 mil anos, os Iberos. Provavelmente, estes povos passaram todos por cá, embora esses nomes sejam, apenas, especulações.

 

INÍCIO DA NACIONALIDADE

Nos primórdios da nacionalidade, Monção era um reguengo cuja igreja D. Afonso Henriques deixou em testamento ao Bispo de Tuy, desmembrando-a do Couto de Mazedo, a antiga vila Ameixenitello, que em 1059 pertencia ao mosteiro de Guimarães.Quando D. Afonso III lhe deu o foral, Já era Couto com privilégios concedidos por D. Afonso Henriques e D. Sancho I.

A atual vila de Monção foi com este novo nome restabelecida ou fundada por D. Afonso III, Conde de Bolonha, que lhe concedeu um primeiro foral em 1249 e outro em 1262 (provavelmente um provisório e outro definitivo), no local então denominado Couto de Mazedo, com vista a dar incremento a um núcleo de povoadores junto da fronteira.

No reinado de D.Dinis, querendo este assegurar os limites do reino, foi levantada uma torre de menagem, com cerca de 13 metros de altura, nas imediações do actual edifício sede da Câmara Municipal, a que chamavam Castelo, rodeando a vila com fortes muralhas, que D. João II e D. João IV aumentaram e que ajudaram a vila a sustentar vários cercos nas lutas havidas com Castela, designadamente nos reinados de D.Fernando e D.João IV.

Dessa primitiva praça, que abrangia uma porção do Terreiro, Bairro da Misericórdia, Néris e princípio da rua Nova, onde se abriam as velhas Portas do Sol, nada se conserva hoje em dia, para lá da malha urbana característica, da Igreja Matriz de raiz românica e de algumas casas quinhentistas, identificáveis pelas molduras e decorações nas portas e janelas.

D. Dinis, também para isentar de toda a jurisdição galega a povoação, voltou a obter, por troca feita em 1 de Janeiro de 1308 com o bispo tudense, o padroado da sua Igreja de Stª Maria. Monção fortificada garantia mais vantagens à defesa do reino de que o velho Castelo de Penha da Rainha, lá nos montes (Abedim). Rodeando a vila, estendem-se largos terrenos de cultivo.

A LENDA DE DEULADEU MARTINS

É dos tempos das guerras com Castela, quando D. Fernando (1383-1385) ambicionava assumir a Coroa Espanhola. Entraram as hostes portuguesas pela Galiza, mas, pouco depois, foram obrigadas a retirar, chegando, mesmo, os castelhanos a invadir o território português.

É, a partir daqui, que entra a lenda: os castelhanos cercaram a praça de Monção e, não podendo forçar as portas, pretendiam rendê-la pela fome. Quando estava já cozida a última fornada de pão de que dispunha dentro da vila, Deuladeu Martins atirou-as da muralha, bradando aos inimigos: porque deveis ter falta de pão, nós repartimos convosco aquele que nos sobra.

0 inimigo, reza a lenda, enganado por este expediente, levantou o cerco. Todavia, nem a figura de Deuladeu Martins, nem desse lendário cerco de 1369 terão existido. Assim o demonstrou António Pinho Júnior, no seu trabalho "O Escudo de Armas da Vila de Monção Corrompido pelo Trádito Deuladeiano". O Brasão de Armas da Vila de Monção, em que aparece uma mulher coroando o castelo heráldico, com um pão em cada mão, simbolizará, na realidade, o direito de "brancagem", que era o imposto sobre o pão cozido, outrora a principal indústria monçanense, e que do Foral de Afonso III, de 1261, passou ao de D. Manuel, de 1 de Junho de 1512.

 

SOB DOMÍNIO ESPANHOL

"Monção deve ter sido a vila portuguesa que mais tempo esteve sob domínio espanhol"- afirma o historiador Garção Comes. Primeiro, como todo o reino, desde 1580 até 1640; depois, e em consequência da guerra da restauração, sofreu o assédio inimigo desde outubro de 1658 até fevereiro de 1659, a que se seguiu, a ocupação que terminou só com o tratado de paz entre Portugal e Espanha assinado em 13 de Fevereiro de 1668.

Durante a guerra da restauração, no reinado de D. João IV (1640 – 1656), aconteceu um feito — este verdadeiro — protagonizado por uma mulher. MARIANA DE LENCASTRE, condessa de Castelo Melhor, ao aperceber-se do perigo que corriam as tropas portuguesas nas cercanias de Salvaterra, do outro lado do rio, sob o comando de seu marido, então governador da praça monçanense, conseguiu evitar uma possível derrota.

O caso aconteceu quando a condessa, assistindo dentro das muralhas de Monção ao combate, assumiu o comando da praça e com as peças de artilharia que existiam, conseguiu tantos estragos nas forças inimigas que as fizeram pôr em debandada. A praça era, nesta altura, defendida com um poderoso e amplo polígono de baluartes, cortinas e revelins, possuíndo cinco portas: a do Rosal, de Salvaterra, de S. Bento, da Fonte e a do Sol.

Ficou famoso CERCO DE MONÇÃO de 7 de Outubro de 1658 a 7 de Fevereiro de 1659, um dos factos mais marcantes da história monçanense e um dos feitos da guerra da restauração.Andava acesa a guerra entre Portugal e Espanha, quando as tropas espanholas, constituídas por um exército da Galiza de 1200 homens, passam o rio Minho, tomam Lapela e sitiam Monção. Estava nesta um experimentado militar, o Mestre-de-Campo-General LOURENÇO DE AMORIM PEREIRA, que dispunha apenas de uns 600 militares. A resistência foi improfícua. Nos últimos dia combatia-se dia e noite. Foi nesta altura que HELENA PERES, chefiando um grupo de cerca de 30 mulheres aguerridas, as conduzia aos locais de maior perigo, em reforço da guarnição exausta.

Tornava-se, porém, impossível continuar, mas a rendição só quando não havia alternativa. Foi então proposta aos defensores da praça uma capitulação ‘honrosa’. A 7 de fevereiro de 1659, estes saíam com as armas aos ombros e as bandeiras desfraldadas, esquálidos e mal se sustendo em pé.

Monção ficou então mais nove anos sob domínio espanhol, até 14 de maio de 1668, na sequência da assinatura do tratado de paz de 14 de fevereiro desse mesmo ano.

Depois das guerras, já nos primórdios do séc. XVII, a vila de Monção alargou.se com as muralhas, em que se aproveitou a pedra da velha praça de Lapela, onde apenas ficou a torre que ainda se conserva. De igual modo, veio a pedra de um forte levantado em Barbeita, junto à Ponte de Mouro.

 

HERÁLDICA

O brasão de armas de Monção apresenta, em campo verde, uma torre de prata, do alto da qual se erguem três quartos de vulto de uma mulher jovem que segura, em cada mão, um pão de oiro realçados de negro.

De preto, quebrada em sobrecéu, a legenda Deus o Deu, Deus o Há Dado.

Uma imagem associada, desde há muito, a Deu-la-Deu Martins, uma figura mítica de Monção, a que nos referimos noutro local destas páginas.

PERSONALIDADES

TRINDADE FEMINIL

É assim que José Augusto Vieira as qualificou no “Minho Pitoresco”. O brio histórico das mulheres de Monção que junta Helena Peres e Mariana de Lencastre ao mito de Deu la Deu Martins.

HELENA PERES

Já Helena Peres, quando do cerco que terminou em fevereiro de 1659, encontrando-se em risco a soberania portuguesa sobre a vila de Monção, dá conta da limitada guarnição desta – cerca de 2 mil homens, com escassez de munições e mantimentos, face a um exército espanhol bem mais numeroso e provido –, arma-se de lança e, à frente de três dezenas de mulheres, bate-se em defesa da praça, nomeadamente nos postos onde a luta era mais complicada.

Doenças e fome grassava entre os habitantes de Monção e a guarnição ficou reduzida à décima parte. Foi autorizada, porém, a sair com armas e bagagens e os tambores a rufar.

Sucede que o mestre de campo general do exército espanhol, ao deparar-se essa situação, do sofrimento heroico de tão pouca gente, extenuada pela fome e por uma luta de quatro meses, terá exclamado: “Ah! Que si gran Leon de España tuviera muchos destos leones fuera señor de todo el mundo!”.

D. MARIANA DE LENCASTRE

Já atrás nos referimos a esta figura da história de Monção. Graças ao Rei D. João IV havia já anos que Portugal vivia a sua feliz independência. Temendo os monarcas portugueses alguma cilada dos Castelhanos, entregaram todas as praças fortes fronteiriças ao cuidado de honrados e ilustres fidalgos.

Monção, também como praça portuguesa, sentia-se ameaçada, mas D. João prevendo o perigo que podia correr, confiou-a a um dos mais ilustres cavaleiros “D. João Rodrigues de Vasconcelos”, que tendo praticado atos importantes durante a façanha de Cartagena das Índias e do Nordeste Brasileiro se tornou tão notável par nós e por isso lhe foi confiado esse cargo elevado.

O ataque a esta praça seria muito fácil, pois o único limite era um pequeno curso de água, ao qual lhe davam o nome de Rio Minho.

Certa manhã acabavam de chegar alguns fidalgos que vinham visitar o governador. Em face disto haveria uma festa pomposa para todos os nobres que quiseram visitar esta terra portuguesa e os seus representantes. Um dos cavaleiros que assistia ao festim recitava passagens emocionantes dos “Sermões” de Padre António Vieira, um dos melhores oradores da época.

 Toda a atenção das damas e cavaleiros estavam voltados para as palavras daquele fidalgo, quando a porta de abriu discretamente. Um dos escudeiros sem que fosse visto, entrou, aproximou-se de D. João Rodrigues de Vasconcelos e segredou-lhe qualquer coisa que pareceu ser acatada com mau humor. Em seguida disse a sua esposa que se encontrava a seu lado, que fizesse as honras da casa porque ia ausentar-se e não sabia se demoraria. Quando chegou ao salão de visitas viu que era Pedro de Bettencourt, capitão de armas, que queria falar-lhe. Bettencourt inclinou-se respeitosamente para o saudar e apressou-se a pedir desculpas por ter interrompido a sua festa, mas que o fez visto se tratar de um perigo para a Pátria. O governador, que não sabia de nada, encheu-se de curiosidade e pediu que lhe contasse o sucedido imediatamente. Então este começou por dizer que uma contrabandista, que acabava de chegar de Espanha, trazia a notícia de que grosso corpo de soldados Castelhanos estavam preparados para vir atacar Portugal, por isso o melhor era agir imediatamente.

Momentos depois voltava ao salão do festim com ar carregado e preocupado, mas D. Mariana leu no semblante do marido qualquer coisa de extraordinário e perguntou se tinha más notícias; D. João de Vasconcelos explicou a razão da sua preocupação, o que inquietou um pouco sua esposa. A noite veio e Pedro  Bettencourt, que a mando do governador tinha ido fazer pesquisas, não aparecia; por isso deixou sua casa e foi debruçar-se nas muralhas da fortaleza. Tudo era silêncio; apenas se ouvia o rumor das águas límpidas do rio, onde a lua se reflectia. De repente um barulho estranho o fez despertar daquela sonolência; olhou e viu um barquito que vogava apressadamente o rio. Correu à margem e viu que era o seu emissário.

- Então, o que é feito da tua gente? interrogou ansiosamente o Conde.

- Nem eu sei ao certo, respondeu Bettencourt. Deixei tudo e vim preveni-lo, pois a nossa Nação precisa de socorro imediato.

Ao outro dia, encostadas às muralhas da fortaleza, viam-se mulheres e crianças chorosas que se despediam dos maridos e dos pais. Eles partiam; sim, partiam para servir a Pátria e defender o seu Rei; pensava D. Mariana que também via naquela multidão de homens o seu marido. antes de se separarem ele tinha-lhe dito que se durante três dias não recebesse notícias suas é porque fazia parte daqueles que haviam dado a sua própria vida pela honra da Nação.

Três dias se passaram sem que houvesse notícias. D. Mariana sentia o seu coração estalar de dor e angústia e a todo o passo parecia ver diante de si a figura exangue do marido a sucumbir. Estava na verdade abatida e desde que ele partira não tinha dormido uma só hora. Olhava com saudade o futuro e sentia cada vez mais morrer em si a esperança de o ver com vida diante dos seus olhos. O que seria feito dele? Todos o ignoravam. talvez fizesse parte daqueles que deram o seu sangue pela Pátria. Entrou nos seus aposentos e tudo parecia inerte, muito vago e banal. Ajoelhou-se em frente da imagem de Jesus e durante uma hora os seus joelhos firmes no pavimento não se mexeram e o seu pensamento corria de encontro a quem a podia auxiliar. Orava pelos irmãos de armas de seu esposo, por ele, pela Pátria, pelo Rei; as suas orações pareciam não ter fim. Seguidamente levantou-se sem o menor ruído, correu ao seu quarto e deixando-se cair em cima do luxuoso leito, assim permaneceu durante toda a noite. Mal conseguia adormecer, mas mal acordou em sobressalto, correu às muralhas julgando alcançar qualquer esperança; tudo era sereno e mudo e nesta ansiedade assim permaneceu até que qualquer coisa surgiu em terras espanholas: um grupo de cavaleiros portugueses, ar carregado, olhos fitos no chão, caminhavam calados e inquietos; à frente vinha D. João de Vasconcelos, com a mesma expressão dos seus camaradas. D. Mariana , ao ver tão esperado espectáculo, pareceu ficar louca de alegria e entusiasmo, mas passados minutos começou a admirar um dos espectáculos mais horríveis da sua existência. Um grupo de espanhóis, galopando abertamente, surgiu por entre os matagais de silvas e choupos apareceram a fazer frente a meia dúzia de almas portuguesas. O combate começou e a agilidade dos nossos era extraordinária; mas que poderia fazer tão pouca gente contra aquela multidão de piratas cruéis.

A Condessa, dentro das muralhas de Monção, assistia a este espectáculo; via o seu esposo defender-se com coragem e bravura dum dando de galegos; via os seus irmãos caírem cobertos de sangue ensopados em pó, não pode resistir; correu a chamar auxílio para aqueles infelizes, que acabavam se suspirar. Nada conseguiu; as tropas eram quase nada e de nada servia a sua parca resistência, pois acabariam por fazer companhia aos que faziam parte dos mortos. Não desanimou, porém, a heróica mulher, pediu que lhe trouxessem imediatamente todas as munições que existissem. Toda a gente trabalhava; uns levavam os canhões, outros traziam a pólvora e até a própria condessa ajudou a colocar na margem do rio as próprias peças.

Enfim soou o primeiro tiro quando acabava de aparecer novo grupo de soldados inimigos, que foram ceifados imediatamente pela metralhadora. Outro e mais outro, as balas partiram e um fumo cheirando a pólvora queimada espalhava-se no ar. Dentro em pouco o combate tinha fim com a vitória dos Portugueses e os poucos que escaparam àquele cruel combate já atravessavam o rio Minho em quatro batéis. D. Mariana, tremula, mas com um sorriso de heroicidade no rosto, esperava a chegada dos barquitos.

Enfim, chegaram e todos a felicitaram e lhe agradeciam a vida, mas apesar disso, ela sentindo-se elevada demasiadamente por aqueles que viram diante de si a sombra terrível da morte, dizia que nada tinha feito por eles ou pela Pátria, apenas tinha cumprido o seu dever. seu marido, que até ali tinha estado calado e pensativo, disse com lágrimas nos olhos:

Não sei que encanto ou que fado tem esta terra Senhora, porque faria Deus as mulheres de Monção tão grandes heroínas”.

Não é justo que se chame a uma mulher, que não fez mais que o seu dever, uma heroína, retorquiu D. Mariana.

D. VASCO MARINHO

Pertenceu a uma das mais antigas famílias da Península Ibérica, existente muito antes da fundação do reino de Portugal.

Ao seu nome anda ligada a uma velha lenda que talvez explique este apelido de Marinho.

Um homem poderoso e fidalgo da Terra de Valadares, chamado D, Froilão, amante da caça, andava um dia montado no seu cavalo, muito perto do mar, na perseguição de um veado, tendo inesperadamente avistado uma bela mulher a dormir sobre a areia da praia.

Aproximou-se com cuidado e verificou tratar-se de uma sereia.

Esta, surpreendida no seu sono, acordou e procurou fugir para o mar, altura em que dois escudeiros do seu antepassado D. Froiaz a agarraram com dificuldade, pois ela defendia-se com a calda e mãos.

Um deles prendeu-a e D. Froiaz levou-a no seu cavalo coberta por um gibão.

Chegados foi logo baptizada pelo capelão do castelo, passando a chamar-se Marinha.

Tão bonita era aquele seu familiar passou a viver com ela e desta união nasceu o primogénito.

Marinha era muda, pois os peixes não falam, não obstante as tentativas para que ela, pelo menos, articula-se qualquer palavra. No entanto, lia-se nos olhos dela grande amor e ternura pelo seu filho.

Num dia, véspera de S. João, ao cair da noite, andava o castelo em grande alvoroço com os preparativos para as festas nocturnas àquele santo. Grandes montes de lenha e pequenas medas de palha eram acesas para as tradicionais fogueiras. Carneiros, bois e galinhas estavam já enfiados nos espetos a rodar lentamente para o repasto da noite.

Marinha andava a passear pelo terreiro com o filho nos braços e muito atenta à novidade, pois tais fogueiras eram para si coisa nunca vista.

Quando de repente D. Froaiz lhe tirou o menino e fez menção de o atirar a uma fogueira, a sereia lançou um grito de angústia e bradou:

- Filho!!

E com isto Marinha passou a falar. Tendo depois D. Froaiz casado com ela e baptizado a criança com o nome de registo de João Froiaz Marinho, tendo sido o 1º da família.

Viviam na Galiza, na Terra de Valadares, num castelo, onde acabou também por viver o chamado Torre dos Marinhos.

Seu pai era Álvaro Vaz Bacelar, fidalgo Português, e, sua mãe Joana Marinho, senhora galega da família Marinha atrás referida.

Foi educado na Galiza, ainda com pouca idade foi para a Itália com o Cardeal João de Medicis, e, em 1513, quando este foi nomeado Papa com o nome de Leão X, foi seu secretário particular, com honras de benefícios daí resultantes, nomeadamente as Abadias de Santa Maria de Monção; Pias; Luzio; Troviscoso; Moreira e Pinheiros.

Foi-lhe dada igualmente a comenda do Mosteiro de S. João de Longos Vales e o arcediago de Vermoim e Labruge na Sede de Braga, não esquecendo a abadia de Pontevedra e do canonicato da Sé de Santiago de Compostela.

Em Monção mandou construir a Capela de São Sebastião para seu jazigo e cabeça de vínculo dos seus, como pode ver-se na escritura por ele feita em 25 de junho de 1521, no tabelião Francisco de Pias.

Nela ficou exarada a obrigação de seis missas por semana.

D. Vasco nem sempre teve as igrejas de Monção; Pias e Troviscoso, pois, a pedido do Rei D. Manuel, desistiu dessas igrejas e com elas criou comendas para seus filhos e genros

Teve três filhos de uma Senhora Italiana de nome Bernerdina, tendo sido por ele perfilhados por carta régia de 1551, conforme se verifica no livro de legitimações de D. Manuel.

Estes são seus filhos: Pedro Marinho; Joana Marinho; Margarida Marinho.

Vasco Marinho não utilizava Dom, porque ele não foi Abade comandatário, mas sim protonotário Apostólico ( o mesmo que, o dignatário da Cúria Romana ) com as honras episcopais devidas, tinha um rendoso morgadio. Ele foi sempre previdente.

Essas terras estavam a ser administradas pelo seu filho mais velho, Pedro Marinho.

Produziam anualmente cerca de 1 conto de reis, o mesmo que três mil cruzados, o suficiente para a família ir vivendo.

A bula para o altar-mor da Igreja Matriz de Monção, é um das mais importantes e muito lhe custou conseguir esse privilégio, cujas indulgências são muito superiores às de S. Pedro de Rates, na Sé de Braga.

Esteve presente, ao lado do Papa, a receber a embaixada de D. Manuel I, com muito orgulho se sentiu, tanto assim que foi dar os parabéns a Tristão da Cunha, chefe dessa embaixada, pois a corte de Leão X nunca tinha visto igual, tal a manifestação como se apresentou em Roma.

Leão  X, de seu verdadeiro nome, Jeovani de Medicis, filho de Lourenço o “Magnifico”, assumiu o papado aos 37 anos, pontificado que exerceu de 1513 a 1521.

Esteve, e, ele também, no Quinto Concílio de Latrão, reunido em 1517. Teve relações muito amistosas com D. Manuel I. Morreu de pequena enfermidade mas ele admite que tivesse sido envenenado.

Também foi amigo pessoal de Miguel Angelo na altura em que este se ocupava com os trabalhos da Capela Sistina, no Vaticano.

Os restos mortais de D. Vasco Marinho, estão na Igreja Matriz, em capela própria.

Gonçalo Pereira Lobato e Sousa (1688 –1761)

Natural da freguesia de Cambeses, desempenhou a função de vereador da Câmara de Monção, em vários mandatos; foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Monção, e, posteriormente, governador da Capitania do Maranhão, no Brasil, como Capitão-General, onde fundou, inclusive, diversos municípios e desbravou muita da selva amazónica.

Entre eles, dois com nomes homónimos, o da sua terra e da esposa, Monção e Viana.

Morreu em S. Luís, capital do Estado do Maranhão.

CONSELHEIRO JOÃO DA CUNHA  (1767 – 1850)

Embora nascido em 1767 no Casa do Belinho (Esposende), João da Cunha Sotto Maior faleceu em 1850 e está sepultado na Igreja Matriz de Monção, tendo vivido na que é hoje a Casa-Museu da Universidade do Minho em Monção. Foi uma das figuras mais importantes da Revolução Liberal. A sua presença nas Cortes Constituintes está imortalizada numa pintura de grandes dimensões, da autoria de Veloso Salgado, existente na Sala de Sessões da Assembleia da República.

Numa altura em que Portugal vivia uma grave crise, constituiu-se, no Porto, uma associação secreta, o Sinédrio, um movimento que estabeleceu relações com outras setores revolucionários e com liberais espanhóis. Fundado em 1818, viu admitido, dois anos depois (em maio), João da Cunha Sottomayor que se destacou pela sua ação na preparação da Revolução de 24 de agosto de 1820. Na sequência da formação desta, formou-se no Porto o Governo Provisório –Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, em que era o representante da Província do Minho. Em 1 de outubro, esta Junta une-se à de Lisboa, formando um novo Governo e a Junta Provisional Preparatória das Cortes, a fim de convocar eleições e elaborar a Constituição da Monarquia Portuguesa. Dela, fez parte João da Cunha Sottomayor.

A Junta Provisional viria a ser substituída por um novo Governo, denominado de Regência, sendo João da Cunha Sottomayor um dos seus elementos.

Em setembro de 1822 foi assinada a Constituição que o Rei jurou e fez publicar. Todavia, isso teve um período efémero, os absolutistas não aceitaram, foi demitido no ano seguinte e teve de se refugiar em Inglaterra. Após alguns meses, regressou a Portugal, mas não foi bem recebido em no regresso, a Lisboa. Retirou-se, doente, para Monção, em 1827. Mais tarde, o Rei D Pedro IV atribuiu-lhe o título de Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.

CONSELHEIRO ADRIANO MACHADO (1829-1891)

Natural de Monção, morou na freguesia de Mazedo, foi professor e político. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, tendo sido professor na Academia Politécnica do Porto.

Foi ministro da Justiça, em 1879, num Governo presidido por Anselmo Braamcamp, publicou diversos livros e efetuou importantes reformas, uma delas no sistema prisional.

 Autor de uma reforma na Educação, a ela se deve o facto das raparigas puderem fazer exames nos liceus.

 

LUÍS JOSÉ DIAS (1853 – 1917)

Natural da freguesia de Merufe, lugar de Fundevila. Bacharel em Direito, foi membro da Câmara dos Deputados e prior de Santa Catarina de Lisboa. A ele se deve as obras para a linha férrea entre Lapela e Monção e a estrada entre a sede do concelho e Merufe. Teve casa, onde residia, na Rua do Postigo.

 

BISPO DE LEMOS  (18?? – 1870)

O seu nome era José Manuel de Lemos e nasceu na freguesia de Troviscoso, lugar de Reiriz. Foi Bispo de Viseu e, em 1858, foi transferido para a Sé de Coimbra. Nesta cidade (onde faleceu), foi bispo-conde. Era uma figura prestigiada e conhecida no meio coimbrão. Ficou na História um conflito que, em 1863 e 1864, manteve com o ministro da Justiça.

PIMENTA DE CASTRO (1846 – 1918)

Joaquim Pereira Pimenta de Castro nasceu na freguesia monçanense de Pias, a 5 de novembro de 1846, e faleceu em Lisboa a 14 de maio de 1918. Foi um oficial militar, engenheiro e político português que desempenhou, durante dois meses, ministro da Guerra de Portugal, em 1911, e presidente do Ministério, em 1915. Neste ano, foi deposto do poder por um movimento militar liderado por Álvaro de Castro. Em seguida, retirou-se da política e escreveu um livro defendendo sua administração, morreu pouco tempo depois em Lisboa. Tem uma rua com o seu nome no centro de Monção.

A sua carreira militar iniciou-a em 1867, graduando-se mais tarde em Matemática pela Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Em 1908 foi nomeado comandante da 3.ª Região Militar, no Porto.

Após a proclamação da República a 5 de outubro de 1910, foi ministro da Guerra, tendo-se demitido do cargo devido a uma das incursões monárquicas de Henrique de Paiva Couceiro.

Como independente, foi escolhido pelo presidente Manuel de Arriaga para ser presidente do Ministério (atual primeiro-ministro),[3] que governaria sem o parlamento, onde o Partido Democrático, liderado por Afonso Costa tinha a maioria. O seu governo, com o apoio do Partido Republicano Evolucionista e da União Republicana, e também de fações militares conservadoras, ficou no poder de 28 de Janeiro a 14 de Maio de 1915.

Foi retirado do poder por um movimento militar a 14 de Maio de 1915 liderado por Álvaro de Castro,com o apoio do Partido Democrático, que causou também a demissão do presidente da República,Manuel de Arriaga, sendo substituído pouco tempo depois em eleições por Teófilo Braga.

Fruto do descontentamento popular face ao seu governo, na madrugada daquele dia desencadeou-se um grande alvoroço nas ruas de Lisboa. Retirou-se então da vida política, dedicando-se à escrita de um livro em sua defesa pessoal e justificando o seu governo, intitulado A Afrontosa Dictadura.

Pimenta de Castro morreu em Lisboa a 14 de maio de 1918 recebendo muitos títulos políticos e militares.

JOÃO VERDE (1866-1934)

José Rodrigues Vale, que todos conhecem pelo pseudónimo João Verde, é, provavelmente, o poeta maior das letras monçanenses. O seu poema “A Galiza mai’lo Minho”, que faz parte do seu livro “Ares da Raya” (1952), tornou-o imortal. Nele o “namoro” entre as pessoas da raia e a dificuldade de “casamento” devido às fronteiras políticas: “Vendo-os assim tão pertinho / A Galiza mail`o o Minho / São como dois namorados / Que o rio traz separados / Quasi desde o nascimento / Deixai-os, pois, namorar / Já que os pães para casar / Lhes não dão consentimento”. Este está estampado num mural na Avenida Humberto Delgado (mais conhecida como Avenida dos Néris. Não muito longe está o busto em bronze do escritor, mesmo em frente à Galiza, com o rio a separar. A principal casa de espetáculos de Monção, fundada em 1949, tem o seu nome – Cine-Teatro João Verde.

Mais tarde, o poeta galego Amador Saavedra fez questão, até, de lhe responder: “Se Dios os fixo de cote / Um p`ra outro e teñem dote / Em terras emparezadas / Pol`a mesma auga regada / Com ou sin consentimento / D`os pais o tempo há chegar / Em que teñam que pensar / Em facer o casamento”. Estão, agora, inscritos em placas colocadas na ponte internacional João Verde/Amador Saavedra., que liga Monção a Salvaterra.

João Verde é também autor de outras obras, também “próximas” da Galiza, como “Musa Minhota” (1887) e N’Aldeia (1890). Foi também redator-colaborador em diversos jornais, sobretudo de Monção, como “A Terra Minhota”, “Alto Minho”, “Monsanense”, “Independente” e “O Povo de Monção”. Funda, ainda, “O Regional” (1901-1918), de que é o principal dinamizador. Em Viana do Castelo, escreveu para “A Aurora do Lima” e colaborou no “Almanaque de Ponte de Lima”, coordenado por Júlio de Lemos, outro grande vulto das letras.

João Verde nasceu em Monção, no Largo da Palma, e faleceu também nesta vila, na chamada Casa do Arco encontra-se sobre o arco e escudo da Rua Conselheiro Adriano Machado, (Rua Direita). Foi secretário da Câmara Municipal de Monção desde 22 de julho de 1891, então com 25 anos de idade, até à data do seu falecimento. Antes, trabalhou em farmácias de Monção, Porto e Braga. Estou na sua terra natal e fez exames nos liceus de Braga e Viana do Castelo. Por um período breve, em 1916, foi Administrador do Concelho de Monção.

Casou, aos 54 anos de idade, com Maria Amália Brandão e Vale, de 30 anos e também natural de Monção. Teve sete filhos, mas dois (gémeos) morreram aos 10 dias de vida.

 

JOÃO DE PINHO (1871 – 1919)

Oriundo de uma família de agricultores abastados, com diversas propriedades nas freguesias de Longos Vales, Cambeses e Moreira, estudou na Universidade de Coimbra. Foi presidente da Câmara Municipal de Monção, sendo do seu tempo a construção do antigo edifício do Hospital e o dos Paços do Concelho no Largo Camões.

 

PADRE BERNARDO PINTOR (1911-1996)

Manuel António Bernardo Pintor (esta uma alcunha que herdou do pai) nasceu em 1911, em Castro Laboreiro, e faleceu em 1996, em Monção. Foi neste concelho que viveu a maior parte da sua vida, tendo paroquiado a freguesia de Riba de Mouro durante mais de 50 anos.

Aqui fundou e dirigiu o boletim paroquial “Voz da Nossa Terra” e publicou diversas obras sobre a história de Monção e concelhos vizinhos, nomeadamente Melgaço e Arcos de Valdevez. Também colaborou na Imprensa e chegou mesmo a ver os seus estudos em revistas científicas.

Frequentou a escola primária em Castro Laboreiro e na Gavieira. As difíceis condições de vida fez com que em 1922 possuísse apenas a 3ª classe incompleta, passando a ajudar a família na agricultura e no pastoreio. Todavia, no ano seguinte, numa visita pastoral a Castro Laboreiro, o bispo da diocese pergunta se existia algum pequeno que quisesse ir para o seminário, tendo-lhe sido apresentado o então miúdo Manuel António.

Completa a escola primária na escola de Fiães, com 18 valores, tendo depois ido para Braga, onde entrou em 1925, tendo de esperar pela abertura do novo seminário. Foi ordenado padre em 1934. Antes de ir parar à monçanense Riba de Mouro, passou pela Póvoa de Varzim e Sequeira (Braga).

 

ALBERTO GOMES (1916 – 1992)

Alberto Gome foi o primeiro minhoto na seleção nacional de futebol e ícone da Académica de Coimbra. Foi avançado do Académico do Porto e Vianense, mas brilhou na Académica, onde esteve desde o primeiro Campeonato Nacional da 1ª Divisão e marcou 166 golos em 206 jogos, um deles na conquista da primeira Taça de Portugal em 1939 (4-3 ao Benfica) e outro, já como treinador-atleta, a devolver o clube à 1ª divisão.

“Berto” chegou à seleção quando esta era “território exclusivo” de jogadores do Benfica, Sporting, FC Porto e Belenenses. Pendurou as botas em 1949, mas o fair play e as zero sanções disciplinares valeram-lhe a Medalha de Comportamento Exemplar pela Federação Portuguesa de Futebol, em 1990, dois anos antes de falecer.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra, Alberto Gomes foi também professor e diretor dos Colégio Camões e Colégio do Minho, trabalhou no Instituto de Saúde Mental, foi inspetor da Direção-Geral dos Desportos e, no início dos anos 70, dirigiu os Serviços Administrativos da Universidade de Angola. Em Monção tem o nome de uma rua, uma placa na casa onde nasceu e é Medalha de Ouro do município.

MIGUEL DE OLIVEIRA (1919 – 1983)

Foi, provavelmente, o mais destacado maestro da Banda Musical de Monção, cargo que assumiu em 1965, após algum tempo como regente. Compôs múltiplas peças.

Miguel António Peixoto de Oliveira nasceu em 2 de maio de 1919 em S. Martinho da Gandra, Ponte de Lima., filho de um comerciante, correspondente de jornais e músico (regente da banda de música local). Aliás, o avô e um tio-avô seus também eram músicos.

Os primeiros ensinamentos musicais foram-lhe transmitidos por seus pai, iniciados aos nove anos de idade, chegando, tempos depois, a substituir o pai na direção da Banda de S. Martinho.

Foi para Lisboa bem cedo. Aos 16 anos já o encontramos militar, no Regimento de Sapadores dos Caminhos de Ferro. A sua vida militar termina, na prática, aos 33 anos, quando, a seu pedido, é dispensado da GNR. Todavia, só depois 12 anos é que consegue a baixa do serviço.

Em Lisboa e Porto, dirigiu teatro musicado, participando como autor. Também dirigiu a orquestra Politeama do Comboio das Seis e Meia, tendo colaborado com os grandes autores da época, nomeadamente Vasco Santana, João Vilarett e Costinha.  Amália Rodrigues também integrou espetáculos sob a sua responsabilidade.

Em 1961 já está no Porto, para dirigir uma companhia de revista. Largara a capital e também coloca um pé em Paredes, onde dirigiu, desde 1959, a Banda de Música de Vilela. Em 1964, ainda continuava nestas funções, a par da Orquestra de Variedades do Porto. Nesse ano, no Palácio de Cristal, é homenageado pelo Sindicato dos Músicos.

Em 1965 chega a Monção, onde já não era um desconhecido, uma vez que, como vendedor de mobiliário de uma empresa de Paredes, já aqui se tinha deslocado diversas vezes. A Banda de Monção ressurgiu então, como uma Fénix renascida. Durante das décadas seguintes, 70 e 80, o seu nome deu dimensão e projeção nacional à Banda, um facto reconhecido e que lhe valeu galardões. Em 1951, foi homenageado na capital de distrito, pelos 50 anos de atividade artística

Paralelamente, também de decidiu ao ensino, na área musical, no Ciclo Preparatório e na Escola Secundária de Monção, bem como na escola de música com o seu nome.

A 1 de maio de 1983, no V Festival de Música do Alto Minho, em Arcos de Valdevez, ocorre a sua última aparição pública. Viria a falecer, na sua Monção adotiva, em 4 de agosto de 1983. A comunicação social, incluindo jornais nacionais e tv’s, noticiaram, com  destaque, a ocorrência.

A casa onde residiu, na maior parte do tempo, em Monção tem uma placa que lhe é alusiva. A 4 de março do ano seguinte, ocorreu a cerimónia de descerramento de um busto, no cemitério local, em sua homenagem, numa iniciativa de amigos e admiradores monçanenses

 

MONSENHOR MARQUES DE OLIVEIRA (1928 – 1990)

 

António Marques de Oliveira nasceu a 5 de julho de 1928, na vila das Aves, Santo Tirso, onde está sepultado.

Estudou no Seminário de Braga e foi ordenado sacerdote em 1953, por D. António Bento Martins Júnior. Foi nomeado, nesse mesmo ano, vigário cooperador de Monserrate, na cidade de Viana do Castelo, onde também esteve na direção do Colégio do Minho. Foi pároco de Monção desde março de 1956 e arcipreste substituto de Monção em 1969.

Integrou o Conselho Presbiteral de Braga e o de Viana do Castelo. Foi também Juiz Pró-Sinodal do Tribunal Eclesiástico de Vianna do Castelo.

Já a 4 de maio de 1984 foi nomeado agregado a Capelão de Sua Santidade o Papa João Paulo II, com o título de Monsenhor.

Foi fundador do jornal local “Notícias de Monção”, em 1964, integrou os órgãos sociais do Desportivo de Monção, dos Bombeiros, provedor da Santa casa da Misericórdia e de outras instituições, inclusive, sócio honorário do Rotary Clube de Monção. Pertenceu aos órgãos diretivos do Externato Liceal e da Escola Secundária de Monção.

É cidadão de honra de Monção, tendo-lhe o Município atribuído a medalha de ouro.

 

Arnaldo Gomes Gomes (1938 – 1996)

 

O coronel Arnaldo Gomes Gomes é Cidadão de Mérito do Município de Monção, a título póstumo,  nasceu na freguesia de Tangil, no Vale do Mouro, onde estudou até à 2ª classe, pois, devido à profissão de seu pai, foi viver para a Covilhã.

A sua vida militar passou por Angola, Açores, Madeira, Inglaterra, Áustria e Bélgica. No Ministério da Defesa Nacional, foi assessor para as áreas de Economia e Finanças. Mas tarde, pelas suas excecionais qualidades de trabalho, é nomeado Diretor dos Serviços de Planeamento e Coordenação na Secretaria Geral do Ministério da Defesa Nacional. Foi também professor em escolas secundárias.

Foi ele, conforme apurámos, que em finais da década de 70 do século passado, conseguiu desbloquear  a construção da ponte que liga as montanhosas e extensas freguesias de Tangil e Merufe.

Pelas mais altas entidades do Estado, graças à sua competência e dedicação, foi agraciado com diversos louvores.

 

ARTUR ANSELMO (n. 1940)

Filólogo, investigador e professor, Artur Anselmo de Oliveira Soares é um ilustre monçanense, nascido na freguesia de Valadares em 27 de abril de 1940. É filho de um alto-alentejano e de uma alto-minhota de origem brasileira, que preside, há já vários anos, à Academia das Ciências de Lisboa (ACL) e é também presidente da Classe de Letras nesta instituição

Licenciado em Filologia Românica e doutorado em Estudos Portugueses, bem como mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na Universidade Nova de Lisboa lecionou Língua, Literatura e Cultura Portuguesa, assim como Cultura Clássica, Semiologia e História do Livro. Colaborou também com outras instituições de ensino superior e foi professor visitante em universidades europeias e brasileiras.

Foi, entre 1962 e 1974 foi comentador de política internacional na RTP. No Estado Novo, notabiliza-se como defensor das ideias do regime vigente. Fundou e dirigiu os cadernos de cultura Cividade (1959-1960), trabalhou na revista Tempo Presente (1960-1961) e trabalhou, entre 1960 e 1975, na Editorial Verbo, chegando ao cargo de diretor. Foi crítico literário e publicou várias obras, nomeadamente, de ensaio e dirigiu o semanário Observador (1971-1974).

Foi, também, presidente do Instituto Português do Livro e da Leitura (1991-1992), presidente da Comissão Científica do Departamento de Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova (em diferentes alturas), integrou a Comissão de Avaliação Externa dos Cursos Superiores de Comunicação, foi presidente da Direção (2004-2007) e da Assembleia Geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior do Ensino Superior.

É sócio-correspondente da Academia Portuguesa da História e sócio-efetivo da Academia das Ciências de Lisboa. Nesta última instituição ocupa a presidência, assim como do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa.

EVARISTO CARDOSO (n. 1942)

Antigo Chef da seleção nacional de futebol (1986-1997), proprietário do reputado Restaurante “Solar dos Presuntos”, em Lisboa, frequentado pelas elites políticas, desportivas e artísticas do país e do estrangeiro.

Foi o padrinho da Mesa “Cordeiro à Moda de Monção” que, em 2018, venceu o concurso “7 Maravilhas à Mesa” na televisão pública.

Com 76 anos de idade, é dos mais dos mais respeitados chefs nacionais, sendo tido como alguém que deu um contributo decisivo para a afirmação da gastronomia nacional.

A sua carreira é recheada de distinções e as provas estão expressas nas paredes do seu restaurante, nascido seis meses após a Revolução de 25 de Abril de 1974. A crítica de gastronomia integra o seu estabelecimento no “restrito roteiro lisboeta dos restaurantes que melhor cultivam os autênticos paladares portugueses”.

 

AMÍLCAR VASQUES-DIAS (n. 1945)

Natural da freguesia de Badim, nasceu a 7 de março de 1945, é pianista e compositor. Depois de passar pelo Externato Liceal de Monção e pelo Liceu Sá de Miranda (Braga), completou estudos superiores, em piano e composição, nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. O curso superior de composição concluiu-o no Conservatório Real de Haia, na Holanda, país onde, durante 14 anos, desenvolveu atividade artística e pedagógica. Durante este período, recebeu encomendas do Ministério da Cultura da Holanda, da Fundação C. Gulbenkian, em Lisboa, e instituições holandesas.

As orquestras holandesas De Volharding e De Oerkest gravaram algumas das suas obras. Em Portugal, tem algumas das suas obras de câmara em CD. A sua música tem sido tocada na Europa e na América, nomeadamente em festivais de música contemporânea. Foi docente de Composição, Orquestração, Música Electroacústica, Análise, Formação Auditiva e Harmonia ao Teclado nas Escolas Superiores de Música de Lisboa (1988-’90) e do Porto (1995-’96), e nas Universidades de Aveiro (1990-’96) e de Évora (1996-2010).

É cidadão de mérito/medalha de prata (2017) do Município de Monção.

 

ERNESTO PORTUGUÊS (n. 1946)

Ernesto Português, nascido em Monção e radicado em Braga desde os tempos em que iniciou os estudos no seminário (curso de teologia concluído em 1970) é um escritor e historiador criado em Braga, mas que mantém um contacto permanente com a terra natal na investigação do seu legado, tendo, nesse sentido, várias obras já publicadas.

Foi professor e dirigente do ensino não formal, sendo doutorado em História da Educação pela Universidade de Lisboa (2015) com uma tese (de mais de 1 300 páginas em formato A4), publicada em dois volumes, sobre «Monsenhor Airosa – Pedagogo-Empresário – História do Colégio de Regeneração de Braga – 1869-1931».

A licenciatura em História tinha sido obtida em 1979, na Universidade do Porto, enquanto o mestrado em Educação (especialização em História da Educação e da Pedagogia) foi conseguido em 1997 na Universidade do Minho.

Tem publicado várias obras sobre Monção. Com «São Salvador de Cambeses. Memória e Identidade de um Povo» (publicado em 2002 foi contemplado com o Prémio Literário A. Lopes de Oliveira/Câmara Municipal de Fafe, na edição de 2001/2002. Também o mesmo prémio, mas da edição 2007/2008, foi obtido com «São Tiago de Pias. História e Cultura» (de 2008). E em 2016 obteve o Prémio Instituto de Educação da UL/Caixa Geral de Depósitos, na categoria de Doutoramento, especialidade de História da Educação.

Entre os trabalhos de investigação dedicados a Monção, sobressai, pelo seu caráter invulgar, os «Cadernos de contas de um barbeiro. Memórias de Monção». São notas e comentários de um simples barbeiro, onde a vida pessoal se cruza com a da comunidade, com registos importantes dos principais acontecimentos de Monção, do mais variado género, desde finais do séc. XIX a meados do séc. XX.

Todavia, a primeira investigação de grande fôlego sucedeu com «Seminário de Nossa Senhora da Conceição – Braga. Aspectos Histórico-Pedagógicos» que foi tese de Mestrado em 1998.

Ernesto Português tem apresentado comunicações em seminários e congressos em Portugal e no estrangeiro, bem como é autor de variados trabalhos publicado na comunicação social. Foi também diretor da revista Cenáculo, frequentou o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, foi e é dirigente de diversas instituições. É Cidadão de Mérito de Monção (2012), medalha de prata do Município.

 

JOSÉ GOMES TEMPORÃO (n. 1951)

José Gomes Temporão nasceu na freguesia de Merufe, a 20 de outubro de 1951. È um médico sanitarista e político luso-brasileiro. Foi ministro da Saúde durante boa parte do segundo mandato do governo Lula, empossado em março de 2007 e sucedido em 1 de janeiro de 2011. Ppsteriormente, Diretor Executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde.

Seus pais, Sara Gomes e José Temporão, emigraram para o Brasil quando ele tinha apenas um ano de idade, e fixaram-se no Rio de Janeiro.

José Temporão se formou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1977. Especializou-se em Doenças Tropicais. Fez mestrado em Saúde e doutorou-se em Medicina Social no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Ainda antes de assumir a pasta de ministro de Estado da Saúde, foi secretário de Planejamento do INAMPS, presidente do Instituto Nacional do Câncer (INCA), presidente do Instituto Vital Brazil (IVB), sub-secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e sub-secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

 

PUSKAS (n. 1954)

José Lima Monteiro de Barros, conhecido como Puskas (ídolo do futebol na sua adolescência e modalidade em que se destacou entre os colegas da escola), é o artista plástico de Monção mais conhecido de sempre. Nascido em 1954, desde 1973 que efetua, regularmente, exposições. Mostra-se, regularmente, no mostrar-se, no Minho e na Galiza, embora também, pontualmente, se apresente noutras latitudes, como Lisboa e além-fronteiras.

Na Galiza é, mesmo, dos pintores com maior número de exposições efetuadas. Também aqui tem logrado distinções; entre elas, a da Deputação de Pontevedra. Já n sua terra natal, a Câmara Municipal distinguiu-o com o Prémio Carreira e a Medalha de Mérito.

Tem murais históricos em vários municípios da região, nomeadamente Melgaço, Salvaterra do Miño, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Valença e Eurocidade Valença-Tui.

A sua obra sofre influências de Júlio Pomar e Vieira da Silva.

Como temas preferidos, Puskas tem “panoramas diurnos, prefigurados nos mistérios das sombras iluminadas, nos espaços urbanos e rurais, onde emprega uma linguagem plástica plena de referências humanas. Retrata com frequência cenas históricas e lendas, realiza obras de caráter abstracionista com mestria, mistura com destreza as várias correntes artísticas nas suas criações, dotando-as de um cunho muito pessoal de rara singularidade.”

 

A CONHECER EM MONÇÃO

ESTÂNCIA TERMAL

As águas minero-medicinais de Monção são captadas em dois furos, Santa Maria dos Anjos e Nossa Senhora da Saúde, brotando a uma temperatura que anda entre os 30 e os 49 graus. São indicadas para doenças do fígado, vesícula biliar, estômago e intestino. Também há quem as aconselhe para doenças articulares, da pele e das das mucosas, nas mialgias e nevrites, bem como nos estados espasmódicos, cardiovasculares, respiratórios e gastro-intestinais da dietese neuro-artrítica.

Do seu uso há referências documentais que a apontam para o início do séc. XVIII. No ano de 1706, já falava delas o padre António Carvalho na sua “Corografia Portuguesa”, pois aí diz o seguinte: “A tiro de mosquete da vila de Monção para nascente, perto do rio, nasce um olho de água quente a que chamam “Caldas”, em que lavam roupa, poucos se ajudam delas para banhos, tendo-se experimentado serem muito medicinais.

Todavia, o primeiro balneário terá surgido quase um século depois.

 “Estabelecimento sem condições higiénicas, com 3 tanques de pedra semi-cobertos e o restante a descoberto para a extração e enchimento das pipas que se transportavam para o banho, para as habitações da vila”, lê-se noutro documento.

Houve, entretanto, algumas evoluções, com um edifício junto à nascente de S. Lázaro, mais tarde restaurado; tanques junto às nascentes de S. Bento e Santa Maria dos Anjos. Em 1867, o balneário das Caldas de Monção era “um edifício pequeno e pouco asseado, quase sem luz e mal repartido de ar, tinha oito banheiras e cada par era separado por um compartimento.”

Data de 1895 a atribuição do primeiro alvará e o início do século XX ficou marcado por significativas melhorias no estabelecimento termal. Já durante o mandato de António Pinho à frente da autarquia municipal (1926 – 1933), são verificadas importantes obras de beneficiação.

Em 1995, é suspensa a atividade termal, tendo-se avançado para a edificação de um novo e amplo balneário, perto do anterior. É inaugurado em 2001 por Jorge Sampaio, então Presidente da República. Desde 2008 que está concessionado a uma empresa privada com origem na Galiza.

 

ECOPISTA

A ecopista do rio Minho, construída sob o antigo troço da linha férrea, liga Monção a Valença, sendo já considerada, por entidades internacionais, a 3ª Melhor Via Verde da Europa. Ao longo de quase duas dezenas de quilómetros, junto ao rio Minho, num ambiente idílico e seguro, são já muitos os que, a pé ou de bicicleta, dela desfrutam. Portugueses, galegos e turistas.

O objetivo é prolongá-la também até Melgaço Recentemente, foi anunciado o seu prolongamento do Parque das Caldas à freguesia da Bela numa extensão de 4,3 quilómetros. Para já, avança a primeira fase até Troviscoso (posto aquícola), numa extensão de 1 050 metros.

 

IGREJA MATRIZ

Merece ser visitada! Romântica, do séc. XIII, registou alterações nos séculos XVII e XVIII. Portal de três arquivoltas e seus colunetos de capitéis fitomórficos. Capela tumular de D. Vasco Marinho, manuelina (1531) e monumento à memória de Deu-La-Deu (cenotáfio), supostamente mandado fazer por um seu descendente em 1679.

 

TORRE DE LAPELA

É o que resta do antigo Castelo de Lapela (séc XII) e um ícone de Monção e do rio Minho. Dista uns cinco quilómetros da vila de Monção. Monumento Nacional. A ecopista passa por lá e tem sido cenário de muitos postais.  A torre de menagem é considerada, mesmo, a melhor varanda sobre o rio Minho. Diz-se que é a melhor varanda sobre este.

Aberta ao público em maio de 2016, após uma intervenção que compreendeu a sua restauração e a beneficiação do pavimento e espigueiros envolventes, é um ex-líbris cheio de história. Obrigatório desfrutar de uma visita.

 

PALÁCIO DA BREJOEIRA

Monumento Nacional desde 1910, é uma construção ao estilo neoclássico do século XIX. Mandado construir, no início do século XIX, por Luís Pereira Velho de Moscoso, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo,.

A sua construção iniciou-se em 1806 e ficou concluída em 1828. Rodeado de 18 hectares de vinho da casta Alvarinho, de jardins de estilo inglês, lago e bosques, com essências arbóreas pouco vulgares, criando-se um ambiente romântico e sedutor para quem o visita.

 Situa-se na freguesia de Pinheiros, a menos de uma meia dúzia de quilómetros a sul da vila de Monção, na estrada para Arcos de Valdevez. Nele reuniram, em setembro de 1950, Salazar e Franco.

É propriedade privada e está aberto a visitas guiadas.

A sua fachada é comparada à do Palácio da Ajuda, em Lisboa.

Ver mais pormenores na secção da freguesia de Pinheiros.

 

FORTALEZA DE MONÇÃO

A fortaleza de Monção envolve o centro histórico. Dele é proporcionado uma vista única sobre este, bem como, nomeadamente, o Parque das Caldas e a margem galega. É monumento nacional desde 1910.

Construído no reinado de D. Dinis, entre 1305 e 1308, do castelo de Monção resta apenas um trecho junto aos Néris. Foi depois uma muralha, com cinco portas: de Salvaterra, do Rosal, da Fonte, de S. Bento e as do Sol.

O atual amuralhado resulta de intervenções no século XVII. Depois, desde o século XIX, a muralha foi cortada para a construção da linha férrea, a abertura da Avenida das Caldas e o alargar da estrada para Melgaço.

Refira-se que a primitiva fortaleza de Monção dispunha de três entradas: as Portas do Rosal, as de Salvaterra e a de S. Bento.

As de Salvaterra davam entrada e saída para os lados do rio.

As de S. Bento serviam toda a parte leste e nordeste de Monção.

Mais tarde, no reinado de D. Fernando, foi alargada.

As Portas de S. Bento desapareceram, dando lugar às Portas do Sol e às das Caldas. As Portas de S. Bento estavam situadas junto às escadinhas do postigo, próximo, muito mesmo do antigo Convento do mesmo nome que um incêndio destruiu em parte. As Portas do Sol apareceram então no local onde está hoje a Ponte de sempre lembrando e corando comboio, grande amigo dos pobres e reformados. A outra, a das Caldas, ainda lá es encontra, junto às escadinhas que dão acesso ao Convento dos Capuchos.

CASTELO DA PENHA DA RAINHA

Testemunho das características fortificações do séc IX e XI, na época na reconquista, é um típico castelo roqueiro, localizado no monte de S. Martinho ou Penha da Rainha, na freguesia de Abedim.

Na época da Reconquista, os castelos portugueses seriam fundiários, isto é, ligados a pequenas comunidades ou fomentados pelos senhores para apoiar os seus homens. Os pré-românicos, nos quais se insere o da Penha da Rainha, sofreram transformações no período seguinte, mas destacando a elementaridade dos elementos defensivos.

Todavia, no Alto Minho, no séc XII, as preocupações estratégicas alteraram-se, passando a prioridade para as construções militares na linha de fronteira.

Já em outubro de 2020 foi classificado como sítio de interesse público pela sua “importância” histórica e arqueológica, segundo uma portaria publicada em Diário da República.

 

SANTO ANTÓNIO DO VALE DE POLDROS

A  branda “lilliputianas” de Santo António de Vale de Poldros fica a cerca de 1200 metros de altitude, num planalto, a uma boa dúzia de quilómetros da sede da freguesia a que pertence, Riba de Mouro.

Vale (ou Val) de Poldros é assim denominado porque na época de D. Dinis (1261 – 1325) ali se criavam os poldros [potros] para a guerra.

Da mais de uma dezena de brandas existentes na região é aquela que se encontra em melhor estado de conservação e com maior número de cardenhas, os pequenos e toscos abrigos de pastores que terão surgido a partir do século IX. No 1º andar era para habitação, muito sóbria, e o rés-do-chão para os animais. Hoje muitas estão transformadas em segundas habitações.

As brandas são aldeias de montanha para onde as pessoas se mudavam desde as inverneiras, nesta caso, maioritariamente, as casas que possuíam na sede da freguesia de Riba de Mouro, e ocupavam de março a setembro. Com eles levavam o gado, alfaias agrícolas e, às vezes, até alguma mobília. Uma deslocação sazonal e, segundo nos dizem, em grande parte dos casos, quem se deslocavam eram as pessoas, aparentemente, mais franzinas da família, dado as condições climatéricas favoráveis do planalto.

Em Santo António de Val de Poldros há também, num espaço-varanda sobre o vale, com área para merendas, há uma igreja e um coreto, onde, todos os anos, a 13 de junho, há uma festa com muita afluência de romeiros e a tradição de leiloar uma das casas da envolvente. Quem ficar com ela, tem direito a dele usufruir até data da próxima edição da festa, ou seja, um ano.

Uma nota, ainda, para a configuração das casas do povoado, hoje só com um habitante permanente, o dono do restaurante ali existente. Diz-se que parece a aldeia do tempo do Astérix ou dos famosos hobbits do filme “Senhor dos Anéis”. O adjetivo de “lilliputianas” serve para as suas casas com teto baixo que serve para preservar o calor.

MOSTEIRO DE LONGOS VALES

O mosteiro românico de Longos Vales (referência também noutro local) tem a fachada bastante alterada em relação à original. Todavia, possui um a rica cabeceira redonda com “uma divertida cachorrada de figuras e figurões brincam e gozam descaradamente connosco”. O interior tem uma impressiva abside, de arcas rusticadas e belos capiteis.

Trata-se de um templo pertencente a um antigo mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, fundado por Dom Afonso Henriques em 1197. Mais tarde, no século XVII, foi reconstruído pelos jesuítas, conservando da estrutura primitiva apenas a capela-mor.

CENTRO INTERPRETATIVO DO CASTRO DE S. CAETANO

O Castro de S. Caetano, em Longos Vales, está classificado como Monumento Nacional. No Centro Interpretativo, estão disponíveis painéis sobre a realidade da cultura castreja no concelho de Monção e espólio exumado durante as campanhas arqueológicas.

PONTE DO MOURO

Originária do século XIV, a ponte do Mouro foi remodelada em 1627 e une o lugar com o mesmo nome, pertencente às freguesias de Barbeita e Ceivães. Em 1386, testemunhou o histórico encontro de D. João I com o Duque de Lencastre, pretendente ao trono de Castela.

Neste encontro, estabeleceram-se as condições da cooperação militar portuguesa com o rei inglês, acertando-se os pormenores do casamento do rei português com Dona Filipa de Lencastre, filha do duque.

Neste local ocorre, anualmente, o evento Ponte do Mouro Medieval, que pretende recrear o histórico encontro.

IGREJA MATRIZ

Templo românico datado do século XIII (referência também noutro local) que “conheceu” algumas alterações e restauros ao longo dos séculos. A traça quinhentista do seu pórtico é digna de particular admiração

Aqui estão situadas capelas em memória de Deu-la-Deu Martins (na capela manuelina situa-se o Cenotáfio, memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido.), e de Dom Vasco Marinho que, na época do Renascimento, foi confessor valido do papa Leão X e do rei D. Manuel I, tendo sido Protonotário de Portugal. O túmulo deste é de 1521 e tem a figura em relevo, do fundador e, como toda a obra, executada em calcário.

 

CAPELA DE S. FRANCISCO

A Capela de S. Francisco, anexa ao Convento dos Capuchos, no vila, é também um monumento religioso digno de menção. Tem frontaria do séc. XVII, conserva talhas douradas, imagens e um arcaz com ferragens na sacristia.

 

MISERICÓRIDA DE MONÇÃO

Desconhece-se, ao certo, a data da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Monção, embora se saiba que os seus estatutos foram aprovados em 1516 pelo rei D. Manuel I.

Sabe-se ainda que a misericórdia foi criada dentro dos muros da praça velha e surgiu inicialmente como leprosaria, mas com o recuo da doença e encontrando-se praticamente desactivada foi incorporada como misericórdia. Durante a guerra da aclamação, terá sido completamente destruída pelos castelhanos. E só em 1969, a Santa Casa terá sido reedificada.

A Misericórdia de Monção desde sempre tratou de lázaros e dos enfermos estes últimos em sua casa até 1803 quando é construído o Hospital. Acolheu também militares durante os conflitos bélicos quando Monção foi ocupada durante 9 anos pelos espanhóis e por volta de 1682 a Santa Casa começou também a ajudar os cativos.

Hoje tem as seguintes valências e serviços de apoio social à população do Concelho de Monção: Atividades dos Tempos Livres, Clínica de Reabilitação, Clínica de Fisioterapia, Clínica de Radiologia, Creche, Jardim de Infância, Creche, Lar de Idosos, Cuidados Continuados e Serviço de Apoio Domiciliário. Em breve, deverá entrar em funcionamento uma unidade de hemodiálise.

CONVENTOS DE MONÇÃO

Mosteiro de freiras (palavra de origem Grega), significa solidão, ou mesmo solitário. Os conventos ao que parece, têm origem oriental, tendo passado para o ocidente, provavelmente por S. Macário; Santo Eusébio; Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

A regra de S. Bento - Monção teve um mosteiro com esta invocação - foi a única praticada por muitos anos. Nos séculos XII e XIII foram criadas novas ordens, como as mendicantes, agostinha e carmelita. As leis monásticas impunham vários condicionalismos, uma delas a de “Clausura”, a separar os conventos do mundo, isto é, proibindo as relações com o exterior.

Nos dos homens era ainda proibida a entrada de mulheres no interior dos mosteiros.

A primeira notícia de monacato na Península Ibérica, vem no concílio eliberitano, nos anos 300: aí já os cânones falam de “viagens consagradas a Deus”.

O mosteiro de Lorvão foi um dos mais antigos em Portugal, remontava ao século VI. O de Dume, em Braga, fundado por S. Martinho, era também muito antigo.

Todos eles foram centros importantes de instrução, tanto assim que na organização romana serviam de tribunais superiores estabelecidos nas Capitais de Distrito.

Monção pertencia, nessa altura, ao convento jurídico de Bracara Augusta (Braga). Um dos conventos existentes em Monção de invocação de Nossa senhora da Conceição, era da congregação da Oratória.

 Desconhece-se a data da sua fundação. O edifício foi requisitado pelo Governador Civil para tribunal de Direito, por Portaria da Fazenda de 05-03-1836, incluindo um ofício do mesmo Governador Civil, no qual declara serem necessárias muitas reparações no mencionado edifício e não poderem ser vendidos os bens do convento sem decisão do Poder Judicial.

O outro convento, que se presume também ser muito antigo, desconhecendo-se também a data da sua fundação, era de invocação a Nossa Senhora da Glória, da ordem de S. Francisco.

Parte da Cerca foi pedida pela Câmara Municipal para a construção do cemitério conforme Portaria na Fazenda de 28-03-1838, ordenando a junta de Crédito Público, consulta com o seu parecer.

 A Igreja, a Sacristia e o órgão, foram pedidos pela ordem Terceira de S. Francisco para continuar a celebrar o culto Divino.

No ano de 1699, houve uma tentativa, que causou alguma polémica, de mudar o mosteiro de S. Bento de Monção, para o de S. Salvador em Braga, ou seja, juntar os dois mosteiros, com sede em Braga, acabando assim o de Monção.

A decisão foi esta:

“Ordem para o Desembargador Eclesiástico, Francisco da Costa Pereira, com um notário Apostólico, ir ao mosteiro de S. Bento de Monção apresentar o decreto sobre a união daquele mosteiro de S. Bento com o de S. Salvador de Braga e obter o consentimento para tal união da abadessa e mais religiosas...”.

A Abadessa e as religiosas reagiram de imediato a esta ordem e explicaram as suas razões, pois estava em causa a naturalidade das freiras, todas do Convento de Monção, tendo, muitas delas doado ao referido convento as terras ali localizadas.

Um novo decreto do Arcebispo Primaz, D. João de Sousa, refere os motivos da mudança e das vantagens daí resultantes, “para o que irá o Provisor com o Escrivão da Câmara ao Mosteiro expor perante toda a comunidade estas razões”.

Resolve também mandar memorizar a renda em cada ano das religiosas do mosteiro de S. Bento. Era abadessa deste mosteiro Maria das Neves. No entanto, as freiras do Mosteiro de S. Salvador em Braga, rejeitaram por seu lado, a referida união.

Uma carta do Arcebispo Primaz, para este Mosteiro dá conta da conveniência em fazer a fusão dos dois mosteiros, “que deve ser aclamada por ambas as comunidades e aceite, não só para se segurarem muitas utilidades, mas também para satisfazer o empenho que El Rei tem na mudança do dito mosteiro”.

O empenho do rei teve de ser considerado e assim foi extinto o mosteiro de S. Bento em Monção. Um dos motivos teria sido o comportamento de algumas freiras em dar guarida a diversos homens, alguns deles afidalgados que, durante a noite, por ali passavam.

Pelo artigo 1º do decreto de 28-05-1834, ficaram extintos, sem recurso algum, todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e outras casas religiosas de todas as Ordens Regulares, fosse qual fosse a sua denominação, instituto ou regra.

Os bens foram todos incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional. Os vasos sagrados e os paramentos do Culto Divino foram postos à disposição do Clero Ordinário para serem distribuídos pelas Igrejas das dioceses mais necessitadas.

Longos Vales, teve um convento de Frades Cruzios, mandado construir por D. Afonso Henriques, sendo, por isso, um dos mais antigos do País.

Mais tarde, o Cardeal D. Henrique mandou-o doar à Companhia de Jesus.

GASTRONOMIA

      A gastronomia monçanense é muito conhecida, pelos seus pratos e pela sua composição. É saboreada com o vinho Alvarinho; com o Muralhas ou com o Danaide.

A mesa é tradicional. Do Rio Minho vem a lampreia; a truta; o salmão e o sável, cuja preparação é segredo herdado de longa data. As carnes distinguem-se pelo cozido à portuguesa, feito com carnes da região e pelo cabrito assado no forno com arroz ou recheado. Os doces são típicos do concelho e deliciam quem os come, devido ao seu paladar, composição e apresentação.

Dentro do cardápio dos peixes, existe um leque recheado de pratos. A lampreia tem diversas confecções, pode ser com arroz; assada no espeto, em empadão; seca ou em escabeche. O salmão também é preparado de várias maneiras, pode ser cozido, grelhado com maionese e em escabeche, a truta apresenta-se assada; grelhada no forno e em escabeche e o sável apresenta-se cozido e frito.

Estes pratos são muito procurados entre fevereiro e abril.

As carnes não são menos importantes que os peixes, pois o cozido é rico em enchidos, que acompanhando outras carnes, dão-lhe um paladar delicioso e inconfundível. O cabrito assado no forno com arroz é um prato muito apreciado e procurado pelos adeptos, mas há quem aprecie o cabrito recheado com os seus miúdos.

Esta gastronomia é completa, com uma sobremesa doce e gostosa. As barrigas de freira, o arroz doce, os rosquilhos e papudos terminam uma refeição requintada.

É este conjunto de qualidades que tornam a gastronomia monçanense, famosa e tradicional.

‘FODA’ É UMA DAS 7 MARAVILHAS

“Foda” é o nome mais popular da Mesa do Cordeiro à Moda de Monção. Foi em setembro de 2018, escolhido, a nível nacional, em conjunto com as mesas de Lages do Pico, Vila Real, Terras de Chanfana, Albufeira, Bairrada ao Mondego e Mirandela.

A Mesa de Monção integra a “Foda”, para além do alvarinho e a aguardente velha do Palácio da Brejoeira, a adega deste e o icónico imóvel (pela dimensão histórica, cultural e natural), bem como a Feira e o Museu do Alvarinho.

A Feira da Foda, já na 3ª edição, decorre no último fim de semana de março, numa organização da Confraria da Foda e Junta de Freguesia de Pias, apoio da Câmara Municipal de Monção e patrocínio de diversas empresas da região. Constitui também o renascer da antiga feira da rês naquela freguesia monçanenses e que tinha caído em desuso.

Este certame gastronómico tem como finalidade a manutenção da qualidade e a garantia da genuinidade deste prato com história e tradição no concelho.

Inicialmente associado ao consumo familiar em dias festivos, o Cordeiro à Moda de Monção,  assado no forno, de arroz pingado e com nome ousado “Foda à Monção”, tornou-se, assume-se como um valioso e saboroso elemento diferenciador do nosso concelho.

A confeção deste prato deve o seu nome à “estória” de que os habitantes do burgo monçanense, que não possuíam rebanhos, dirigiam-se às feiras para comprar o animal. E, como em todas as feiras, havia de tudo, bons e maus. A verdade é que os produtores de gado, quando os levavam para a feira queriam vendê-los pelo melhor preço e, para que parecessem gordos, punham-lhes sal na forragem, o que os obrigava a beber muita água.

Na feira, apareciam com uma barriga cheia de água e pesados, parecendo realmente gordos. Os incautos que não sabiam da manha compravam aqueles autênticos “sacos de água” e, quando se apercebiam do logro, exclamavam à boa maneira do Minho: “que grande foda!”

ROSCAS DE MONÇÃO TAMBÉM SÃO “7 MARAVILHAS”

Roscas de Monção são ‘7Maravilhas de Portugal’, a nível de doçaria, desde setembro de 2019.

A eleição final resultou do voto do público, mas um painel de especialistas participa nas fases iniciais do processo de seleção do concurso da televisão pública, a partir das candidaturas apresentadas.

Os Charutos de Arcos de Valdevez, a Crista de Galo (Vila Real); a Amêndoa Coberta de Moncorvo; o Mel Biológico do Parque Natural de Montesinho (Bragança); o Folar de Olhão (Algarve) e o Bolinhol de Vizela (Minho) foram os outros eleitos nas “7 Maravilhas”.

A organização do concurso contou com o apoio de um conselho científico composto por várias entidades: Associação Cozinheiros Profissionais de Portugal, Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, Associação Portuguesa de Nutrição, Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas; Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Rede de Instituições Públicas do Ensino Superior com Cursos na área do Turismo e Turismo de Portugal – Escolas.

Confeção das Roscas

Preparada a massa com farinha triga e água, ao qual se junta manteiga, açafrão, fermento, sal e açúcar, fica a levedar durante duas horas. Depois, as mãos das doceiras moldam as roscas que são colocadas em tabuleiros e polvilhadas de farinha triga para não "apegar".

Posteriormente, vai ao forno de lenha, com porta sempre aberta, até apresentar um aspeto alourado, sendo “adornadas” com açúcar refinado. Com sabor inconfundível e textura única, é o doce perfeito para acompanhar um Alvarinho elegante e aromático.

A confeção das Roscas de Monção, parte integrante do rico património gastronómico local, tem passado de geração em geração, estando, desde sempre, associada à celebração de romarias e a ambientes festivos, realizados no concelho de Monção.

 

CALDO VERDE TAMBÉM FOI “7 MARAVILHAS”

Com esta distinção, como sublinha também o Município, Monção passa a ser o único concelho do país com a mesa toda premiada (sopa, vinho, prato principal e sobremesa) naquele concurso de âmbito nacional. É que em setembro 2011, no concurso “7 Maravilhas da Gastronomia”, numa candidatura que englobou os municípios do Vale do Minho e tendo a Adriminho como entidade promotora, o caldo verde como um dos vencedores.

A alheira de Mirandela, o queijo Serra da Estrela, o caldo verde, o arroz de marisco, a sardinha assada, o leitão da Bairrada e o pastel de Belém foram, na os outros eleitos como as "7 Maravilhas da Gastronomia " nacional.

A eleição reflete o resultado dos 899.069 votos registados entre 7 de maio e 7 de setembro de 2011 pela organização da iniciativa.

De origem Minhota, mas adotado por todas as regiões, o caldo verde tinha já sido referido por escritores e poetas como Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Júlio Dinis, Ramalho Ortigão, Correia de Oliveira e o próprio Fernando Pessoa.

Como ingredientes, no cal verde entre a couve-galega, batata, azeite, alho, cebola, água, chouriço e sal. Tradicionalmente, é preparado num pote de ferro, com a ajuda de uma colher de pau, e servido em tigelas de barro.

 

VINHOS DE FAMA MULTISECULAR

 

A cultura do vinho em Monção, pensa-se, recua até à segunda metade do século I a.C.. Sabe-se, porém, que já em 1261, o foral de D. Afonso III reconhecia a posse dos vinhos aos habitantes de Monção. Não eram vinhos de plebe, sendo proibido nas casas nobres a venda de qualquer vinho a retalho, só aos fidalgos de Monção era dado o privilégio de os atabernar.

A sua exportação data de épocas remotas. Em 1559 já se exportavam vinhos de Monção para Flandres e portos ingleses do mar do Norte. É Monção e Ribadávia (Galiza) que figuram entre os primeiros vinhos de exportação com nome. Já nesse tempo, se pagava a sua uva a 1,180 reais o quilo, preço bastante elevado, correspondendo certamente ao epíteto de "bebida de nobres". Depois os ingleses vieram buscar os vinhos da província do Minho directamente a Viana. Mais tarde fundaram uma feitoria britânica, não só para a compra dos vinhos de Monção (designados por "Red Portugal Wines"), mas também de outros vinhos portugueses e espanhóis.

Estava florescente a agência inglesa em Portugal em 1599, mas alguns anos depois a ocupação do território e a guerra com Espanha, no tempo de D.João IV, fizeram parar as transacções, mas depois voltaram a ser prósperas .Em finais do séc. XVII, princípios do séc. XVIII, havia um armazém da feitoria inglesa em Serrade (Mazedo). 0 inglês T. Woodmass, que em 1704 visitou Monção, refere o preço de "15 meel reas" por cada pipa de 650 litros.Porém, a instituição da Companhia do Douro pelo Marquês de Pombal e o Alvará de 4 de Agosto de 1776, que proibia a exportação, provocaram-lhe danos. A lei foi revogada em 9 de Agosto de 1777, mas só anos depois é que a situação se alterou.

Constituindo os vinhos de Monção, sempre, a principal atividade agrícola do concelho, a Câmara Municipal interviu ativamente na sua produção e comércio, mesmo durante o período de domínio espanhol. Em 1865 "tentou marcar epocha official para as suas vindimas, para conseguir fazer realçar typicas qualidades dos vinhos de Monção, alguma cousa conseguido do seu tão patriótico intento".

 

ALVARINHO - UM NÉCTAR ÚNICO

O facto de Monção se encontrar numa zona privilegiada, com um solo e um microclima especial, favorável ao cultivo da vinha, constitui a principal razão que a levaram à produção de um néctar como o "Alvarinho" que se impõe na gama dos vinhos nacionais e estrangeiros.A origem da casta "Alvarinho" ainda não está bem esclarecida. De acordo com alguns autores, foi o Duque de Borgonha que trouxe para a região algumas das mais notáveis castas da Borgonha, que "distinctamente se acclimataram na região ".

A cor, o aspeto, o aroma e, sobretudo, a paladar, é comparável aos de Borgonha, Bordéus e Reno, de clima mais frio, e assim se poderá explicar a sua precocidade e o elevado grau alcoólico. Mas há que negam este local de origem e sustentam que a casta "Alvarinho" terá vindo da Grécia, introduzida por mercadores ingleses, ao tempo em que os vinhos de Monção concorriam com os da Ribeira Lima e os de Ribadávia no mercado inglês.

Seja como foi em Monção e Melgaço, o Alvarinho apresenta condições de acentuada distinção. Aqui ele manifesta qualidades tais que se distingue, perfeita e facilmente, de todos os outros.

Os principais factores que o tornam diferentes dos outros vinhos verdes o seu aroma intenso e a sua elevada graduação alcoólica, que pode oscilar entre 11,5 e 13 grau, mantendo, no entanto, as mesmas características, nomeadamente a sua elevada acidez fixa, com predomínio dos ácidos tartárico e málico, e o frescor e viveza do paladar.

O vinho "Alvarinho" é obtido pela produção e transformação de uma única casta de uva branca, o "Alvarim" e dela lhe provém e nome. É, pela originalidade, um dos melhores do mundo. Deve beber- se fresco, a uma temperatura de, aproximadamente, 10 graus.

Segundo dados da respetiva associação de produtores, num território de 443 quilómetros quadrados, existem 1 500 hectares de alvarinho, a maior parte na área do concelho de Monção. Este tem cerca de quatro dezenas de produtores e mais de 1 700 viticultores.

 

MUSEU DO ALVARINHO

O Museu do Alvarinho, localizado na Casa do Curro, imóvel do século XVII localizado em plena Praça Deuladeu, foi inaugurado a 28 de fevereiro de 2015 e, em apenas três anos, já recebeu mais de 30 mil visitantes.

De caráter temático, dedicado ao vinho da casta alvarinho, ainda tinha pouco mais de um ano de existência e já tinha sido considerado como um dos três melhores no país na categoria “Coleção visitável”.

Distribuído por diferentes áreas, proporciona a quem o visita uma viagem pelo mundo do alvarinho, com informação interativa sobre a origem, evolução e empresas dedicadas à sua produção e comercialização.

Local de encontro para provas comentadas, encontros promocionais e eventuais parcerias negociais, constitui um espaço de promoção, comercialização e degustação em pleno “Berço do Alvarinho”.

ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES DE ALVARINHO

A Associação de Produtores de Alvarinho (APA) surgiu em 1985. O seu objetivo imediato era a existência de uma estrutura de apoio ao encaminhamento de verbas comunitárias para a atividade vitícola. Mais tarde, integra também os produtores-engarrafadores.

Em 2009, acontece a fusão com a União de Produtores de Alvarinho (UPA) e a alteração da sua designação para Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço. Registará perto de 1 700 viticultores da casta e à volta de três dezenas e meia de empresas produtoras.

 

REAL CONFRARIA DO ALVARINHO

A Real Confraria do Vinho Alvarinho existe desde 2007 e é uma entidade de direito privado que tem como objetivo a valorização e defesa do vinho Alvarinho produzido na Sub-Região de Monção e Melgaço

Dos seus desideratos constam, também, iniciativas associadas ao cultivo da vinha e ao turismo rural e promoção paisagística e arquitetónica dos dois concelhos, assim como da sua gastronomia local.

Os confrades podem ser efetivos – Mestres (os que são viticultires) e Oficiais(técnicos de viticultura, enologia ou ligados ao setor) - honorários, protetores e enófilos.

 

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

As instituições de ensino público em Monção estão integradas no Agrupamento de Escolas de Monção, frequentadas por cerca de 1700 crianças e jovens.

São elas a Escola Secundária de Monção (ensino secundário), Escola Básica Deu-la-Deu Martins, na vila de Monção (2º e 3º ciclo), Escola Básica do Vale do Mouro, em Tangil (do 1º ao 3º ciclo), Escola Básica José Pinheiro Gonçalves, na vila de Monção (1º ciclo). Escola Básica da Estrada, em Mazedo (1º ciclo) e Escola Básica de Pias (1º ciclo). A estes juntam-se os cinco jardins-de-infância públicos (Mazedo, Monção, Pias, Cortes e Tangil).

De acordo com os dados disponíveis, perto de 230 crianças andam nos jardins de infância, à volta de 440 no 1º ciclo, cerca de 680 no 2º e 3º ciclo e 360 no secundário.

Para crianças com idade inferior a três anos, o concelho dispõe de três estruturas pertencentes a instituições de solidariedade social: Misericórdia de Monção, Centro Social e Paroquial de Barbeita e Grémio Social de Mazedo. São quase 300 crianças que as frequentam.

Nota, ainda, para a para as instalações em Monção da EPRAMI – Escola Profissional do Alto Minho Interior, a funcionar desde 1999, frequentada por mais de 260 alunos. Os cursos vão desde estética, restauração, manutenção industrial e mecatrónica automóvel a auxiliar de saúde.

Existe, ainda, o polo de Monção do Colégio do Minho, propriedade da Diocese de Viana do Castelo, a funcionar no antigo Externato Liceal e, depois, Seminário de Monção. Iniciou atividade no ano letivo 2015/2016, tendo turmas do 1º ao 4º ano do 1º CEB, num total de mais de 60 alunos.

 

CENTRO DE SAÚDE DE MONÇÃO

Há 10 anos que o Centro de Saúde de Monção dispõe de Serviço de Urgência Básico (SUB) nas 24 horas do dia. Este é o primeiro nível de acolhimento a situações de urgência, de cariz médico não cirúrgico, à exceção de pequena cirurgia.

No Alto Minho, a rede de urgências contempla um outro SUB, no Hospital Conde de Bertiandos, de Ponte de Lima. A rede inclui ainda um serviço de urgências médico-cirúrgico, no Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo.

Devido ao facto de ter esta valência, ainda recentemente, no âmbito da Eurocidade Monção/Salvaterra, o executivo municipal monçanense ainda recentemente veio dar conta de que “os autarcas de Monção e Salvaterra defendem que o centro de saúde de Monção pode servir também os habitantes de Salvaterra de Minho, cujo núcleo urbano está a 12 quilómetros da unidade de saúde mais perto, em Ponteareas”.

No Centro de Saúde de Monção funciona, para consultas e cuidados médicos e de enfermagem, a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e a Unidade de Saúde Familiar (USF). Há, ainda, uma Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) e a USAG (administrativa).

 

EQUIPAMENTOS CULTURAIS

BIBLIOTECA MUNICIPAL

A Biblioteca Municipal de Monção foi inaugurada a 12 de março de 2003, então dia de feriado municipal, e mereceu a presença do então ministro da Cultura, Pedro Roseta. Situa-se na Rua Eng. Duarte Pacheco e passou por remodelação e integração de um imóvel onde funcionou uma escola primária. O projeto foi dos arquitetos J. A. Lopes da Costa e Tiago Meireles.

Dispõe de uma área total de, aproximadamente, 2800 metros quadrados. A área coberta anda pelos 600 metros quadrados, dividindo-se pelas áreas públicas – nomeadamente átrio, receção, secção de áudio-vídeo, sala de computadores, espaço infantil e auditório – e área coberta -gabinetes de trabalho, sala do pessoal e áreas de manutenção e depósito de documentos.

ARQUIVO MUNICIPAL

Inaugurado a 12 de março de 2008, situa-se no Largo S. João de Deus e compreende três pisos com espaços para consulta, acondicionamento e tratamento de documentação.

O piso 0 engloba espaços para depósito documental e uma sala técnica. O piso 1 alberga a receção, sala de leitura, sala de fotocópias, gabinetes administrativos, depósito para microfilmes, instalações sanitárias e mais espaços para informação documental. Já o piso 2 compreende depósito de fotografia, salas específicas para receção de documentos, higienização, conservação/acondicionamento e tratamento documental/informática.

Nele se situa também um poço - que pode ser visto por quem se desloca a este espaço - datado da época medieval descoberto no decorrer dos trabalhos de recuperação. Serviu, em tempos, para fornecimento de água a quem vivia no interior das muralhas.

 

CINE-TEATRO JOÃO VERDE

O Cine Teatro João Verde foi inaugurado a 11 de junho de 1949, iniciativa de uma sociedade de monçanenses, e torna-se uma das mais importantes salas de espetáculos da região minhota. Situa-se em frente à Biblioteca Municipal. Desde a programação de cinema a espetáculos de teatro (importantes companhias incluíam-no nos seus périplos), mas também iniciativas noutras áreas, como a musical e, até, política, fizeram deste espaço uma referência.

Todavia, co passar dos anos, a necessidade de uma reformulação e a ascensão do vídeo, levaram ao seu encerramento no findar de 1986.

Uma dúzia de anos depois, a Câmara Municipal adquire o edifício e requalifica-o, mantendo, porém, a sua traça original. Foi, então, reaberto em abril de 2013.

Equipamento multicultural, compreende um auditório para cerca de 300 lugares no rés-do-chão e onde decorrem sessões de cinema, teatro, diversos tipos de espetáculos, encontros, seminários e colóquios. Neste situa-se o foyer e um pequeno bar, balcão da receção e sanitários. No primeiro piso, há espaço para exposições, pequenos colóquios ou espetáculos mais íntimos, bem como para ações de formação. Já a cave foi destinada a sala de ensaio, camarins e oficina.

 

PISCINAS MUNICIPAIS

Situadas próximas da estância termal, foram inauguradas em 12 de março de 2006. Cobertas e com excelente luminosidade, têm dimensões para competições internacionais.

Tem acesso por escadaria ou rampa, para quem tem dificuldades de mobilidade. A receção é feita num espaço amplo, com acesso a balneários e bancadas, bem como à sala de primeiros socorros e gabinetes.

O tanque de aprendizagem tem uma área de 100 metros quadrados e uma profundidade entre 1 e 1,50 metros. A piscina principal tem 25 por 17 metros e uma profundidade de 2 metros.

Junto aos balneários e à nave principal, há uma zona de solário, massagens, banhos turcos, sauna, jacuzzi e ginásio.

 

PARQUE DESPORTIVO MUNICIPAL E POLIDESPORTIVOS

O Parque Desportivo Municipal das Caldas foi inaugurado no dia 12 de março de 2013.

Situado próximo da piscina municipal e balneário termal, divide-se em duas zonas. Numa há um campo de futebol de onze sintético com bancadas e balneários; noutra, um campo polidesportivo e dois courts de ténis.

Entre elas e interligando o edifício às atividades, há uma zona arbórea e vegetal.

Também nos últimos anos, foram construídos polidesportivos descobertos por todo o concelho. Neste momento, são 12 e situam-se nas freguesias de Badim, Barbeita, Bela, Lapela, Lara, Longos Vales, Messegães, Monção, Moreira, Pias, Riba de Mouro e Troporiz.

 

EIDO DA MÚSICA

 

BANDA MUSICAL DE MONÇÃO

Presume-se que a Banda de Muzica da Vila seja anterior a 1792, data em que se aparece a primeira referência conhecida, numa ata da Santa Casa da Misericórdia de Monção.

O espanhol Gonzallo José de Moiños terá sido o seu primeiro maestro, a mesma nacionalidade do atual, o 23º da sua história, José Vicente Simeó Mañez, que a dirige desde 2003 e com a quem se tem consolidado com uma das melhores bandas civis do país. Integra perto de oito dezenas de músicos.

Antes da designação atual (desde 1969), ainda se chamou Banda dos Bombeiros Voluntários de Monção (a partir de 1918) e Banda Municipal de Monção (em 1933). Em 1945 participou na inauguração do Estádio de Futebol Riazor, na Corunha (Galiza).

Foi sob a batuta do maestro Miguel de Oliveira, nas décadas de 70/80 do século passado, que conheceu dos momentos altos, tendo gravado diversos discos, e obtido o 3º lugar no concurso de bandas civis de 1º categoria (1971, Porto, Palácio de Cristal). Em 1980, é-lhe outorgada a Medalha de Ouro do Município de Monção. Em 1996 obtém o 3º lugar no programa “À Volta do Coreto”, na televisão pública. Em 1998, é reconhecida, pelo Governo como instituição de utilidade pública.

No âmbito da Banda Musical, existem a Escola de Música da Banda de Monção. Esta  tem como principal missão a formação contínua dos executantes da Banda e instrução de novos aprendizes.

Há, também, o Monção Brass, quinteto de Metais e percussão; a Banda Infantil, projeto da direção para a Escola de Música e alavanca para os jovens estudantes ingressarem a banda sénior; o Ensemble de Clarinete, com nove clarinetes da Banda Musical; e o Grupo de Metais, fundado com o objetivo de fazer um trabalho com os músicos de vento metal da Banda Musical.

 

BANDA MUSICAL DA CASA DO POVO DE TANGIL

A fundação da Banda de Música de Tangil, no Vale do Mouro, data de 1838, tendo a sua primeira aparição sido registada a 6 de agosto desse ano na Festa do Divino Salvador.

O seu primeiro regente, durante 37 anos, era oriundo de Braga, chamava-se Delfim e trabalharia como sapateiro no lugar de Fornelos. Até ao momento, registou mais 15 maestros.

A primeira formação não chegaria às duas dezenas de componentes e o primeiro instrumental foi oferecido por Francisca Barbeitos Padrão, da Casa de Ladreda.

Ao longo do tempo, a filarmónica teve outras denominações como Banda Musical dos Cadetes de Tangil (1946 – 1970), no período que antecedeu a sua integração na Casa do Povo. Também entre 1933 e 1936 houve uma divisão entre as bandas de Música Velha (a existente) e a Música Nova (que se extinguiu).

O primeiro importante galardão que a Banda obteve, e de que há memória, foi a conquista de uma Medalha de Ouro em 1926 num certame organizado em Riba de Mouro. Curiosamente, foi uma dissensão na Banda de Tangil que levou à formação, em 1927, de uma outra em Riba de Mouro, entretanto extinta.

A Banda Musical de Tangil tem participado em diversos festivais em Portugal e na Espanha, sendo também presença em programas televisivos.

As primeiras mulheres executantes surgiram em 1976. Já gravou três CD’s (2003, 2008 e 2015)

 

GRUPO ROCONORTE

Os Roconorte são um grupo de baile e festas populares sedeado em Monção e cujo nome é idêntico ao de um grupo folclórico existente na sede deste concelho há bem mais de meio século.

Este grupo, fundado em 1982, é, neste âmbito, dos mais conceituados no norte do país e, até, na Galiza. Todavia, já tem atuado em vários países, sobretudo, junto da diáspora, e aparições na TV Galiza. Em 2006, o Município de Monção atribui-lhe o título de Instituiçao de Mérito (Medalha de Cobre).

A formação original partiu dos dois principais grupos que, nesta área, existiam em Monção e Melgaço: Os Thema Solus, de onde vieram Jorge Nande (voz e teclados), líder da banda, Gil (baixo e voz), Evaristo (bateria) e Dores (voz); e os Contacto, onde estavam a Manuel João Sotto Mayor (guitarra e voz) e o Carlos Pereira “Carula” (saxofone).

O seu primeiro espetáculo registou-se em setembro desse mesmo ano de 1982, em Messegães, freguesia de Monção. Desde então, a sua evolução tem sido foi enorme, incluindo a aquisição do mais avançado material para espetáculos e dispondo de um palco próprio.

A pandemia cancelou, em 2020, quase todos os espetáculos. Uma dezena de elementos integram a formação, incluindo o casal com a propriedade do grupo – o baterista José Peixoto e a vocalista Kikas – o brasileiro Sidney (teclista) que, em tempos, Jorge Nande foi buscar ao estado brasileiro do Paraná, João Hudson (guitarra), Nelson Dias (baixo), Leo Gonçalves (concertina e voz), Tiago Pires, João, Catia Silva e Bárbara Oliveira (vozes).

JORGE NANDE

Figura carismática que marcou os Roconorte, tem-se dedicado, por “puro gozo”, na última meia dúzia de anos, a uma carreira a solo e às aparições esporádicas dos antigos Thema Solus, grupo que fundou em 1972. Para este grupo chegou a compor temas para o LP (vinil) que gravaram.

Nessa carreira a solo, destaca-se o fado que já “ensaiava” nos seus tempos do Roconorte, no qual esteve durante mais de três décadas. Admirador confesso da obra da Amália, chegou, em tempos, numa loja de discos então existente em Monção, a comprar, de uma assentada, 18 LP’s da diva do fado. No entanto, em espetáculos que tem dado um pouco pelo norte e centro de Portugal, também interpreta, além dos clássicos, fados de nomes como Camané, Ricardo Ribeiro ou Carlos do Carmo.

Há três anos, lançou o CD Viajar por Portugal. O primeiro tema, “Na Raia”, é da sua autoria, sendo os restantes 12 de autores portugueses conhecidos de diferentes texturas musicais, com arranjos do próprio Nande. Nele percorre as diversas regiões, incluindo o Minho, Douro Litoral, Trás Os Montes, Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral, Estremadura, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira.     

Neste momento, aos 65 anos de idade, está, no seu estúdio particular, a preparar um novo trabalho, todo com originais (letra e música) da sua autoria e de vários géneros musicais. Meia dúzia de temas estão já prontos para um álbum que deve ser lançado durante 2021.

GRUPO “OS TEIMOSOS”

O grupo “Os Teimosos” nasceu em 2010 no encontro de Concertinas no lugar dos Milagres (freguesia de Cambeses), onde está sedeado. Divulgar o património cultural, através de canções tradicionais, é o objetivo dos seus elementos, consciencializando para o conhecimento e importância de um património vivo e muitas vezes esquecido.

Para os ensinar e ensaiar nas vozes e nos instrumentos, têm um maestro conceituado, Filipe Cunha. No total, o grupo integra uma dúzia de elementos que cantam e tocam guitarra, baixo, pandeiro, bombo, cavaquinho, acordeão e percussão.

Este grupo é o responsável pela organização do Encontro Luso-Galaico de Música Popular, uma iniciativa que se tem verificado com peroocodade anual e é dedicada à música popular transfronteiriça.

 

GRUPO "OS MAGNÍFICOS"

O grupo de concertinas " Os Magníficos" está sedeado na freguesia de Longos Vales.

Constituído por 14 elementos, garantem que são um grupo que tem como missão divulgar o que de melhor a música tradicional possui.

 

EIDO DO DESPORTO

 

DESPORTIVO DE MONÇÃO

O Desportivo de Monção é o principal clube do concelho, dedicando-se, essencialmente, à prática do futebol nos vários escalões. Atualmente, a equipa principal compete na 1ª Divisão da Associação de Futebol de Viana do Castelo.

A sua fundação data de 1933. Todavia, a primeira equipa de futebol em Monção, de que há memória, data de 1919. Fazia jogos de caráter particular. Dois anos depois foi a vez do primeiro desafio internacional. A equipa de Monção ganhou (1-0) à de Salvaterra do Miño. O jogo decorreu nesta vila galega.

Em 1925 são aprovados os estatutos do primeiro clube, o Grupo Desportivo Deu-La-Deu. Na sua génese estão monçanenses como o médico Pimenta de Castro e o, então, governador civil, António Pinho Júnior.

No entanto, a coletividade passa por muitas dificuldades. Em 1933, ocorre uma assembleia geral decide que o clube se chame Desportivo de Monção, por proposta do atleta Darlindo Puga. O primeiro presidente de Direção é Inocêncio Álvaro.

Durante a II Grande Guerra (1940/1945), ocorre um interregno. A 1 de maio de 1945, nova assembleia marca o reinício da atividade. Entre eles, está Manuel Lima, empresário local e financiador, a quem se deve a aquisição e o nome daquele que é, ainda, o campo de jogos onde o clube atua. Foi inaugurado no ano seguinte, com um jogo com o Vila Real (empate 3-3).

Atualmente, a principal equipa de futebol disputa a 1ª divisão da A. F. Viana do Castelo, tendo outras equipas a disputar as camadas jovens. Pelo clube já passaram atletas de nível internacional, quer a nível nacional, quer de Guiné-Bissau e Angola.

 

UNIÃO DESPORTIVA OS RAIANOS

Coletividade fundada em 1975. Pratica futebol no Campo do Areal, em Messegães. Inaugurou o sintético em 2015.

 

UNIÃO DESPORTIVA DE MOREIRA

Coletividade dedicada ao futebol que compete nos escalões de formação, movimentando perto de centena e meia de jovens.

Utiliza, para esse efeito, o Parque Desportivo do Vale do Gadanha, inaugurado em agosto de 2011 e que dispõe de campo sintético e balneários.

 

 

MONÇÃO BASKET CLUBE

Fundado em 2 de março de 2000, o pretende fomentar entre os jovens a paixão pela prática do basquetebol. Todavia, a modalidade já era praticada em Monção, de forma federada, desde 1992, com uma coletividade denominada “Quinta da Oliveira”. O clube regista, ainda, escalões de formação para praticantes desde os seis anos de idade, masculinos e femininos.

O clube tem apostado na formação, tendo sido distinguido, pela Federação Portuguesa de Basquetebol, pelo Certificado de Qualidade de Escola de Minibásquete Portuguesas desde a existência deste Diploma (2005). Os seus atletas têm marcado presença em seleções nacionais de Portugal e Angola.

A maior conquista do clube verificou-se a 26 de maio de 2002, quando venceu a Taça de Portugal na categoria de Juniores A (Sub-20 Masculinos).

 

DEU-LA-DEU KARATÉ CLUBE DE MONÇÃO

Fundado em 2010, o Deu-la-Deu Karaté Clube de Monção tem em atividade perto de uma centena de atletas de diferentes idades, promovendo as artes marciais.

 

OUTRAS INSTITUIÇÕES

ADEGA COOPERATIVA REGIONAL DE MONÇÃO

A MAIOR DA REGIÃO DOS VINHOS VERDES

É tida como a maior em toda a Região dos Vinhos Verdes que abrange nove sub-regiões, pertencendo Monção à Sub-região que abrange este concelho e do de Melgaço, Os vinhos extremes da casta Alvarinho são o ex-libris desta-

Os mercados tradicionais continuam a ser a França, o Brasil e os Estados Unidos. Adega já está presente em 38 países

Adega paga a quase 1 600 famílias

A Adega Cooperativa Regional de Monção foi fundada a 11 de outubro de 1958 e congrega os produtores de Monção e Melgaço. Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, região esta à qual foi reconhecido o uso exclusivo da designação de “Vinho Verde Alvarinho”. Recentemente, juntou-se à rede de pequenas e médias empresas inovadoras da COTEC, fruto das tecnologias modernas empregues na vinificação e que garantem a colocação dos seus produtos em grande parte dos países da Europa, África, América do Norte e do Sul.

Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço, região esta à qual foi reconhecido o uso exclusivo da designação de “Vinho Verde Alvarinho”. Todavia, por via de um acordo alcançado em 2015, a produção de vinho com a denominação de origem Vinho Verde Alvarinho a partir de uvas produzidas fora desta sub-região será autorizada a partir da colheita de 2020/21.

Na antiga casa do Adegueiro e silos do bagaço, em 2005, foi criado o Espaço Histórico e Cultural da Adega de Monção e levou à sua integração na Rota dos Vinhos Verdes, Itinerário do Minho.

Atualmente a Adega de Monção apresenta uma faturação o atingiu, em 2017, uma “faturação histórica” de 14,5 milhões de euros.

 

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Ao longo dos tempos, Monção teve vários jornais. Ainda no séc XIX, existirem o “Independente” e o “O Regenerador.

Mais tarde, ao longo do séc XX, o “Jornal de Monsão”, “O Povo de Monção”, “O Regional”, “Echos da Raia”, “A Fronteira”, “O Anunciador, “O Rebate”, “O Clarim”, “Comércio de Monção”, “Notícias de Monção” e “A Terra Minhota” (este é o único que ainda se publica, com periodicidade quinzenal, desde 1949).

Sedeada em Monção e a emitir desde 2009, existe ainda a Rádio Vale do Minho. Aparece na sequência da Ecos da Raia. Esta tinha surgido na segunda metade da década de 80 do séc. XX, na altura como rádio “pirata”.

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